A crescente “dificuldade
de captação de novos alunos” serve
de base à construção deste estudo
sobre os cursos de engenharia leccionados na UBI. Da autoria
de Tessaleno Devezas e João Matias, ambos docentes
do Departamento de Engenharia Electromecânica da
UBI, o documento faz a síntese de vários
inquéritos propostos a 102 professores. Das várias
questões colocadas, todas elas relacionadas com
o ensino da engenharia, com a qualidade dos cursos e instalações
e com a forma de divulgação destas mesmas
condições, procurou-se saber qual a opinião
dos docentes relativamente ao futuro dos cursos. Este
“Estudo sobre o futuro das licenciaturas em engenharia
da UBI” começa por sublinhar que se “enfrentam
alguns problemas, nomeadamente no que concerne à
dificuldade de captação de novos alunos”.
Tessaleno Devesas e João Matias assinam o estudo
do Grupo de Estudos e Previsões Tecnológicas
e Teoria da Inovação da UBI (GEPTI), onde
foi utilizada uma técnica “qualitativa”
de previsão. As preocupações com
o futuro das engenharias na UBI e na região são
uma constante. Ao longo de duas sessões, os responsáveis
por este projecto fizeram chegar aos docentes um questionário
onde são abordados vários temas que se prendem
com a captação de alunos, com a forma como
esta deve ser feita ou até com a problemática
das licenciaturas que se vêem a braços com
a falta de alunos. Os questionários e a análise
dos dados recolhidos demorou “cerca de seis meses,
entre Dezembro de 2003 e Maio de 2004”, adiantam
os autores do estudo.
Segundo os autores deste
documento, as engenharias devem captar mais alunos
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Futuro passa pela divulgação
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Por entre as questões colocadas, que tinham como
objectivo apreciar a falta de alunos a ingressarem nestas
áreas, ganha maior importância a que faz
referência ao futuro das “engenharias com
muita saída profissional mas com procura reduzida”.
Segundo os inquiridos, a solução nestes
casos, passa por “manter os cursos abertos independentemente
do financiamento estatal”. São apontados
mesmo alguns exemplos como Engenharia da Produção
e Gestão Industrial (EPGI) ou Engenharia Têxtil,
onde é cada vez menor o número de alunos
a ingressarem nesses cursos, mas que têm de continuar
em funcionamento. Isto porque, segundo os docentes da
UBI que responderam aos questionários, “as
engenharias são fundamentais para a Universidade
e para a própria região”. Daí
que este fenómeno de “falta de alunos”
tenha características nacionais, “não
é sentido apenas ao nível da UBI”,
sublinham ainda os autores do documento. Os mesmos que
defendem uma política concertada de divulgação
da própria Universidade e das potencialidades desta.
“Os Dias da UBI” são apontados como
exemplos de política de divulgação
que passa também “por uma forte aposta nas
novas tecnologias, como a Internet”. Contudo, segundo
os dois docentes, a divulgação das licenciaturas
em engenharia tem de compreender três entidades.
Das conclusões retidas pelo estudo, nesta matéria,
a divulgação passa por “uma estratégia
concertada e eficiente, capaz de atrair, mais potenciais
candidatos”. Este novo plano de “publicitação”
passa pelo Gabinete de Relações Públicas
(GRP), pela Unidade de Ciências Exactas e por cada
um dos Departamentos responsáveis pelas várias
engenharias leccionadas na UBI. Este novo tipo de publicitação
deve, segundo os inquiridos, “por um intenso contacto
directo com as escolas e com todos os potenciais candidatos”.
Este ponto foi um dos mais abordados ao longo de todo
o estudo. Isto porque, grande parte dos inquiridos apontou
a falta de alunos como causa de “uma ausência
de estratégia concertada de divulgação
dos cursos”.
No entender dos participantes, continuam a existir nas
escolas da região e do País, alunos suficientes
para preencherem todas as vagas “quer da UBI quer
dos politécnicos da região”. Daí
que a crescente falta de alunos “não se deva
apenas ao facto destes fugirem às físicas
e às matemáticas”. Com uma maior divulgação,
“com a deslocação de alunos e professores
do secundário às instalações
laboratoriais e auxiliares da UBI”, poderiam ser
conquistados mais alunos, defendem os docentes. Uma das
sugestões deste estudo passa mesmo pelo convite
da UBI às escolas da região no sentido dos
alunos do secundário virem à Universidade
“fazer as experiências laboratoriais que não
podem realizar nas suas escolas, mas que estão
nos programas curriculares”. Medidas “intensivas”
de familiarização destes alunos mais novos
com a UBI.
Alcançar nível de excelência |
Partilhar as instalações e dar a conhecer
o que se faz na UBI é uma das medidas apontadas
pelo estudo |
Tessaleno Devesas e João Matias salientam que
“estas licenciaturas devem ser orientadas para um
processo de melhoria contínua, com vista a alcançar
o nível de excelência”. Algo que se
consegue através do e “um planeamento, execução,
verificação e correcção dos
aspectos menos positivos”. Com a falta de alunos
a aposta vai pois “para as engenharias clássicas”.
Segundo os autores do estudo, os esforços devem
ser concentrados em cursos de banda larga, aqueles que
cobrem a maior parte das necessidades do mercado. Outra
das medidas passa por um maior incentivo à pós-graduação.
Actualmente, existem algumas licenciaturas que podem ser
substituídas por pós-graduações
de quem já tem formação base em engenharias
clássicas. Segundo os dois docentes, “ainda
não é tarde para se resolverem alguns dos
problemas levantados com a falta de alunos”. Contudo,
deixam, em nota de conclusão um ponto fundamental,
“se não forem tomadas medidas no sentido
de mudar a situação actual”, as consequências,
a longo prazo, podem ser bem piores.
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