Reina um silêncio
gélido na mais importante vila do concelho da Covilhã.
Sinal das baixas temperaturas e da falta do silvo produzido
pela sirene que anunciava, todos os dias às 8 em
ponto, o início de mais um dia de trabalho.
Tal como a sirene, também o enorme portão
verde da Sociedade de Fabricantes deixou de se abrir.
Desde o passado dia 4 de Janeiro que está oficialmente
encerrada uma das maiores e mais importantes unidades
fabris do sector das confecções da região.
Sedeada no Tortosendo, a Sociedade de Fabricantes empregava
no momento, 120 pessoas. Mais de uma centena de trabalhadores
sem emprego que se juntam agora ao número idêntico
de desempregados resultantes do encerramento das confecções
J. Vaz há cerca de três meses.
Há já alguns anos que a “Sociedade”,
como era conhecida a empresa, estava abrangida pelo regime
especial de recuperação de empresas. Contudo,
as encomendas e as produções, “para
todo o mundo”, não conseguiram mudar o rumo
da empresa. Os trabalhadores, que na manhã da passada
terça-feira, 4, se reuniram nas imediações
da fábrica mostram-se bastante descontentes com
toda a situação. As várias ameaças
de encerramento, “que sempre pairaram sobre a empresa”
eram contrariadas por encomendas de fatos para marcas
de renome. Espanha, França, Alemanha são
exemplo de países “para onde era exportada
a produção”, tal como o mercado interno.
Com o encerramento da empresa, ficam sem trabalho, “pessoas
com mais de 27 anos de casa”. O Fundo de Garantia
Salarial (FGS) vai agora ser accionado pela administração
e entidades sindicais com o objectivo de garantir o pagamento
de indemnizações.
A queda do império
Conhecida por ter lojas espalhadas por todo o País,
a Sociedade de Fabricantes conheceu o seu auge durante
a década de 70 do passado século. Com uma
tecelagem própria, a Sociedade de Fabricantes era
das poucas empresas que detinha sectores onde era realizado
o processo de produção e transformação
de tecidos. Os primeiros sinais de fraqueza chegaram com
os anos 80, altura em que a tecelagem foi abruptamente
encerrada. A empresa passou depois a trabalhar unicamente
com o sector de confecção de fatos e as
lojas foram também sendo encerradas. Com os primeiros
dias de 2005, termina a história de uma das mais
importantes empresas do sector têxtil português. |