Por Vânia Pereira



Este espaço é único na região e reúne uma quantidafde bastante significativa de espécies animais

Um ambiente natural é o que rodeia os visitantes, logo à chegada. As plantas e arbustos mais característicos da região estão presentes, mas o que mais desperta o interesse dos visitantes são os animais. Desde animais domésticos até aos selvagens, como os veados, que outrora correram pelas montanhas e agora apenas se encontram no parque, estes animais maravilham miúdos e graúdos.
Quando os visitantes chegam ao parque optam, na maioria, por iniciar a visita pelos caminhos que se encontram à sua direita. Seguindo entre giestas, castanheiros e rosmaninhos os visitantes encontram um garnisé, e faisões numa capoeira apropriada. Estando mais faisões na capoeira do lado. Os vizinhos são tartarugas, que apesar de não serem típicas da região, são apreciadas pelos visitantes. Pelo caminho de terra e entre diferentes espécies de árvores os visitantes observam uma gaiola com Rolas e Pombos.
A raposa Tintim é uma das mais visitadas do parque, afinal é um animal muito conhecido das histórias infantis televisivas, mas, também porque apesar de todos saberem como são estes animais, nem sempre existe a oportunidade de os ver ao vivo. Ela está separada das restantes por precaução, pois chegou ao parque mais tarde e é muito irrequieta, talvez por não gostar muito de ser incomodada. Todos os visitantes têm de a observar enquanto salta e corre pelo abrigo. “A Raposa é muito gira, mas está sempre a correr” diz-nos Joana Lopes, uma visitante entusiasmada de oito anos. Os sacarrabos eram os vizinhos mais próximos da raposa, mas de momento o parque não tem nenhum. No abrigo seguinte estão dois animais muito peculiares e pouco conhecidos, chamam-se ginnetos. Os ginnetos, ao contrário da raposa, são muitos sossegados e quando estão escondidos os visitantes têm de fazer um esforço para os descobrirem por entre a folhagem. A Joana teve sorte e pode ver um deles que dormia em cima da casota.




Várias espécies da região

Ao dar mais uns passo pode ver-se o corvo que divide o abrigo com um faisão. Mais à frente e numa jaula maior encontramos as raposas, amigas da Tintim, que aproveitam para dormir e desviarem atenções deitadas atrás de um arbusto.
Envolvidos na vegetação da zona, os visitantes descem por entre pinheiros e observam a cerca onde se encontram os veados. Os veados dispõem de um amplo espaço onde se podem movimentar livremente. Estes espaços procuram proporcionar aos animais um habitat, o mais parecido possível com o seu habitat natural. No parque encontra-se um macho, uma fêmea e duas crias, que optam por permanecer na zona mais afastada dos visitantes. Estes veados já não se vêem à solta no Parque Natural da Serra Estrela, sendo o zoológico um dos poucos sítios onde ainda se podem encontrar.
A visita continua e os javalis são o alvo de todas as atenções. Estes animais são muito famosos na região, principalmente pela caça. Aqui encontram-se rodeados por uma cerca e protegidos de qualquer tiro furtivo. Os javalis reproduzem-se com frequência e por serem dos animais que o parque dispõe em maior número, são por vezes vendidos a particulares que apresentem alvará. Os próximos animais têm um nome pouco conhecido, “sika”, estes são da família dos veados, mas mais pequenos e as suas hastes não são tão imponentes. Dispõem também de um amplo espaço vedado, por onde podem correr sempre que se sentem ameaçados pelos visitantes. Continuando pela direita, os visitantes encontram o Banco do Amor, o mais conhecido de todos os banquinhos em pedra nos quais podem descansar entre a visita do parque. Os bancos foram feitos por pedreiros durante um curso de aprendizagem. É nesta zona do parque que estão os sanitários públicos e um bar/esplanada. Segue-se em frente e é possível avistar um pónei, que apesar de não ser um animal característico da zona, satisfaz as delícias dos mais pequenos.
Percorrendo o caminho no sentido inverso, pode ver-se uma gaiola com periquitos e um burro, numa cerca. O burro, baptizado de “Anastácio”, e como é carinhosamente chamado pelo tratador Paulo Jorge é bastante meigo e, ao contrário da maioria dos animais, não dispensa um festa ou outra, que possa receber dos visitantes através das redes. Vanessa Martins, com seis anos, gosta em particular do burro “porque ele vem atrás de nós e às vezes consigo fazer-lhe festas”. O “Anastácio” tem um abrigo vedado, o qual percorre, acompanhando os visitantes. Para quem passa o dia ao pé destes bichinhos, os animais deixam de ter segredos e é um trabalho que se revela agradável. O tratador Paulo Jorge comenta que “quando se gosta dos animais, o trabalho não custa, apesar dos cuidados que todos requerem”. A trabalhar no Parque Zoológico encontram-se uma directora técnica de produção animal, Isabel Noutel Paulino, um veterinário e três tratadores que alternam os dias de serviço. Nos períodos em que há excesso de trabalho, devido ao jardim, o parque conta com o apoio da câmara local, que disponibiliza jardineiros e sapadores.Os animais que nos esperam em seguida são os coelhos. Estes estão numa cerca e aproveitam para escavarem várias tocas onde se escondem de todos os olhares curiosos. O pato é um dos animais mais familiares de todos os visitantes. No parque podemos ver as diferentes espécies de patos, como o Pato-real ou o Pato Mudo. Nesta zona está também a perdiz.

O objectivo do parque não é o lucro e, por isso, o dinheiro recebido na recepção chega apenas para pagar a alimentação dos animais, ficando o salário dos funcionários ao encargo da Câmara Municipal de Gouveia. Luís Amaral, um visitante de 48 anos, residente em Lisboa, considera o custo de ingresso pouco elevado, “sinceramente, não acho muito caro”, adianta. “Para sustentar um parque deste género deve ser gasto muito em manutenção e ração para os animais”, concluiu o mesmo visitante. Os adultos precisam de um euro para entrarem no parque. Maria do Carmo Carvalho refere-se ao parque como “um local, que a um preço acessível, dá a conhecer animais e plantas da região”. O preço para reformados e crianças entre os dez e os 15 anos é de 50 cêntimos. Os grupos escolares pagam dois euros e 50 cêntimos, com a excepção dos grupos escolares do concelho de Gouveia e crianças até aos dez anos, em que a entrada é grátis. Isabel Paulino indica que “muitas das escolas que visitam o parque são de Lisboa e do Porto, vindo algumas repetidamente.” O parque recebe em média 15 mil visitantes por ano, sendo o Natal, a Páscoa e o Verão as alturas de maior afluência. Como explica a directora, “é nestes períodos que as crianças têm férias e os pais podem passear com elas”.
Um dos animais preferidos das crianças é o burro. Encontramo-lo quase no final do percurso. O burro “Artur” ainda vive com a mãe. Os burros, apesar de serem uma espécie em vias de extinção, são também dos animais mais oferecidos ao parque. Como explica Isabel Paulino “aqui os burros não têm feito criação, mas após a morte dos donos, as pessoas oferecem-nos ao parque”. Outros animais comuns desta zona são a cabra e o bode. Mas não há quem imagine a Serra da Estrela e não pense também no pastor com o seu rebanho de ovelhas. As ovelhas são um dos animais mais característicos desta região e muito visitados no parque.
Os gamos parecem-se com os “sikas”, mas distinguem-se pelas pintas e pela forma das hastes. No parque podem ser vistos sete destes animais, entre os quais, as crias. Paulo Jorge explica que “as hastes dos gamos, dos sikas e dos veados caiem uma vez por ano e voltam a desenvolver-se, com mais uma ramificação. O número de ramificações simboliza, assim, a idade de cada um”.
O famoso Cão da Serra da Estrela é uma verdadeira atracção no parque. Os cães despertam o interesse dos mais pequenos e dos pais, não só porque são das famílias mais numerosas, mas são aqueles a que estamos mais habituados. Estes animais são por vezes vendidos a um preço simbólico, longe do praticado no mercado. Os animais que mais frequentemente se reproduzem são os javalis, os veados, as ovelhas, as cabras e os cães. Quando se visita o parque podem ser vistas, frequentemente, crias de várias espécies. “Costumamos ficar com as crias e às vezes fazemos troca com outros parques”, explica Isabel Paulino. Todos os animais e plantas do parque zoológico têm uma tabuleta onde é possível ler o nome por que são mais conhecidos e o nome científico. O carvalho, a azinheira, o sobreiro, os pinheiros mansos e bravos e o cedro são algumas das árvores mais características desta zona. Assim, uma visita ao Parque Zoológico de Gouveia inclui não apenas conhecer os animais, mas também algumas das 35 árvores mais vulgares na região, bem como, o medronheiro, o zimbro ou o alecrim, apenas alguns dos 41 arbustos que se podem contemplar.