"É preciso
pôr um ponto final neste estilo de governação,
através de um Governo responsável e consciente
das suas responsabilidades". O apelo é da autoria
de José Sócrates, perante cerca de mil e 500
militantes e simpatizantes socialistas, que estiveram presentes
num mega-jantar que se realizou nas instalações
do NERCAB em Castelo Branco. O secretário-geral do
PS não hesita em chamar a atenção para
as alegadas contradições subjacentes ao discurso
de dirigentes da maioria, a começar por Pedro Santana
Lopes, salientando o facto de o primeiro-ministro ter atacado
o Presidente da República, no momento em que anunciou
a demissão do Governo, quando na véspera o
PSD assegurava o total respeito pela decisão de Jorge
Sampaio de dissolver a Assembleia da República. "O
País não pode estar sujeito aos caprichos
de quem governa", proclama José Sócrates,
manifestando-se contrário a um Executivo que tem
"um novo episódio todos os dias".
Na sua óptica, o que se pede, nesta fase de crise
política, é "sentido de Estado".
Porque governar exige "seriedade e compostura",
"dignidade e respeito pelas instituições".
Atitudes que, naturalmente, o líder do PS não
reconhece no Executivo dirigido por Pedro Santana Lopes.
José Sócrates, alerta que "o País
precisa de tomar consciência que nestes três
anos, o déficit e a dívida pública
se agravaram, em que as nossas finanças estão
muito piores do que estavam em 2001, e tal condiciona o
futuro e o desenvolvimento do País, porque as nações
endividadas são menos livres, e Portugal precisa
de mais liberdade e crescimento económico para satisfazer
as necessidades do povo". Para tal, acrescenta "é
necessário rigor nas finanças públicas".
A necessidade de um investimento nas novas tecnologias,
foi também uma das tónicas do discurso do
dirigente socialista. "Precisamos de dar um salto tecnológico,
investindo naquilo que é determinante para o nosso
futuro, numa informatização mais acelarada
na nossa sociedade, e na procura de novas tecnologias que
garantam mais competitividade. Este é o segredo para
a recuperação económica do nosso País,
porque só apostando nestas áreas nós
garantimos a Portugal o futuro, para nos integrarmos melhor
num mundo tão exigente em que vivemos".
Segundo o secretário-geral do PS, "necessitamos
de construir uma nova geração de políticas,
mais adaptadas aos dias de hoje, mas que garantam que Portugal
vai ter uma sociedade mais justa e com menos desigualdade
entre os portugueses, já que o nosso País
é hoje o mais desigual da Europa. Temos de combater
as desigualdades, para que não haja excluídos
no desenvolvimento, tendo necessidade de ter políticas
activas de inclusão social", nomeadamente "nas
áreas territoriais, onde precisamos de ter uma política
que possa o apoiar o desenvolvimento do Interior do país,
fundamental por razões de justiça, dado que
são regiões que necessitam da solidariedade
do País para melhor se desenvolverem".
"Existe Auto-Estrada porque o PS assumiu
a obra"
Bastante empolgado, Sócrates lembra o anterior
governo socialista que "fez muito pelo Interior,
numa altura em que o PS quando esteve no governo mostrou
que é possível ter uma política de
desenvolvimento para o Interior. Aqui no distrito de Castelo
Branco, existe uma auto-estrada que nos liga a Lisboa
e à Guarda, porque o PS assumiu esta obra".
Por outro lado, lembra que "existe uma Faculdade
de Medicina, e houve um desenvolvimento do Instituto Politécnico
no Ensino Superior, porque houve um governo socialista
que não esqueceu esta região. Nós
podemos hoje pedir o apoio a todos os cidadãos
do distrito de Castelo Branco, porque temos autoridade
moral para o fazer, por tudo aquilo que fizemos, e o que
queremos é ter um governo que continue esta
obra, acabando com a política de esquecimento". |