José Geraldes
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Hora
da raia
Os problemas de desenvolvimento
da raia portuguesa e espanhola são iguais. Ficou
célebre um livro intitulado A Raia publicado nos
anos 60 do séc. XX que chegava precisamente a esta
conclusão.
A novidade do estudo consistia em afirmar como tese que
a raia só poderia desenvolver-se com projectos
integrados a realizar simultaneamente nos dois lados da
fronteira. E a considerar como um todo esta zona.
Ao longo dos anos, têm sido tomadas iniciativas
pontuais com o seu mérito próprio no diagnóstico
de novos problemas e nas sugestões apresentadas
para a sua resolução.
O contacto entre organismos oficiais também é
de realçar para aproximação de pessoas
com poder de decisão. E as feiras realizadas em
conjunto alternadamente nos dois lados da fronteira constituem
uma mais-valia importante.
Depois surgiu o programa comunitário INTERREG que
deu um impulso forte a acções de desenvolvimento.
Agora o INTERREG foi valorizado com a possibilidade de
os municípios portugueses poderem concorrer em
condições iguais à dos espanhóis.
Um despacho dos ministros das Cidades e das Finanças
assinado esta semana abre o caminho para esta nova modalidade.
Para se compreender o alcance das novas medidas decorrentes
do despacho, antes era necessário as câmaras
anteciparem a quantia correspondente a 100 por cento do
valor dos projectos. Só depois de apresentado um
comprovativo da sua realização é
que as verbas eram reembolsadas.
A burocracia foi simplificada. E os municípios
portugueses dispõem de novas condições
para se candidatarem a projectos de envergadura.
Para um desenvolvimento de conjunto da raia, o Projecto
Cidades-Fronteira foi lançado ao mesmo tempo que
se modificavam as normas do INTERREG.
O protocolo de cooperação entre cidades
transfronteiriças portuguesas e espanholas inclui
o desenvolvimento de projectos comuns em várias
áreas que se afigurem estratégicas. Para
já, são contempladas as áreas da
saúde e da educação.
Mediante estes acordos não existem razões
para deixar ao abandono a zona da raia. Agora os instrumentos
estão aí para dinamizar toda a região
transfronteiriça.
As urgências estão à vista. Os organismos
e associações voltadas para o desenvolvimento
têm uma janela de oportunidade para aplicarem os
projectos necessários.
Impõe-se tirar do papel as novas medidas e passá-las
à prática. Para tirar a zona da raia da
letargia em que tem vivido, mãos à obra.
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