Ana Ribeiro Rodrigues
NC / Urbi et Orbi


Segundo a câmara, o proprietário da suinicultura ter-se-à mostrado disponível para encerrá-la

A Câmara da Covilhã não vê outra solução para a suinicultura de Vila do Carvalho que não passe pelo seu encerramento. E como a autarquia "não dispõe de mecanismos legais para o fazer", reuniu com o responsável pela exploração pecuária que, segundo o vereador Joaquim Matias, se mostrou "disponível para desmantelar a suinicultura" em troca de lhe serem viabilizados outro tipo de investimentos para o local, como por exemplo autorização para construir, adianta o vice-presidente da edilidade, Alçada Rosa.
O assunto voltou a ser discutido na praça pública quando um grupo de residentes nas proximidades da suinicultura foram à última reunião do executivo queixar-se das condições em que vivem e questionar a autarquia sobre esta matéria. Em Março aquela exploração pecuária foi notícia quando foram encontradas 22 carcaças de porcos em avançado estado de decomposição, provocando um cheiro intenso. Situação que voltou a centrar as atenções nesta exploração, da qual os residentes têm queixas semelhantes desde há muitos anos.
Na altura as autoridades que tomaram conta da ocorrência alertavam para os riscos da saúde pública, já que os dejectos estavam a correr para os cursos de água da zona e mesmo para propriedades privadas. O que levou à instauração de um inquérito na suinicultura em causa por parte de diversas entidades. Mas dois anos antes a exploração já tinha sido alvo de investigações pelo lançamento de dejectos numa ribeira próxima.
A autarquia diz que a licença que falta ao proprietário é a de domínio hídrico e que possuem a restante documentação necessária, pelo que à câmara restou pressionar as entidades com competência para intervir, que não resolveram o problema. Em Agosto a edilidade, para dificultar o funcionamento da exploração, proibiu a passagem no caminho de acesso à quinta a viaturas com mais de três toneladas e meia, para que os pesados que fazem o transporte dos suínos não pudessem passar. Mas os moradores acusam a GNR de fechar os olhos a esta limitação imposta pela Câmara e de ser conivente com a situação. E acrescentam que os camiões preferem pagar os 30 euros de multa a deixar de passar. O comandante Marcos da GNR refuta as acusações e diz que não podem estar sempre ali militares, mas que quando são chamados actuam e já passaram várias multas.
Os residentes na área contam os vários episódios a que têm assistido ao longo dos anos e falam em cenários recorrentes de animais em putrefacção, de um cheiro contínuo nauseabundo e da presença constante de insectos. "Estou num autêntico inferno e não sou rica para ir morar para outro lado", desabafa uma das moradoras, que já recorreu a inúmeras entidades, na esperança de ver a situação resolvida. "É um problema para o qual não temos soluções muito eficazes", reconhece Alçada Rosa. "Não a podemos encerrar e a Câmara não pode vedar o acesso, podemos é condicioná-lo", acrescenta. Por isso considera-se a possibilidade de apertar mais o cerco e limitar o trânsito da via apenas a ligeiros.
O socialista Miguel Nascimento diz que esta é uma situação "inadmissível, escandalosa e perigosa para a saúde pública". O vereador da oposição entende que a Câmara deve continuar a fazer pressão junto das autoridades competentes e frisa que a situação em que se encontra esta exploração agrícola "não é própria de um País da União Europeia".
A estrutura, situada nas imediações de Vila do Carvalho, é considerada de média dimensão. Tem capacidade para cerca de 300 animais e tem quatro funcionários ao seu serviço.