A Câmara da Covilhã
não vê outra solução para a
suinicultura de Vila do Carvalho que não passe
pelo seu encerramento. E como a autarquia "não
dispõe de mecanismos legais para o fazer",
reuniu com o responsável pela exploração
pecuária que, segundo o vereador Joaquim Matias,
se mostrou "disponível para desmantelar a
suinicultura" em troca de lhe serem viabilizados
outro tipo de investimentos para o local, como por exemplo
autorização para construir, adianta o vice-presidente
da edilidade, Alçada Rosa.
O assunto voltou a ser discutido na praça pública
quando um grupo de residentes nas proximidades da suinicultura
foram à última reunião do executivo
queixar-se das condições em que vivem e
questionar a autarquia sobre esta matéria. Em Março
aquela exploração pecuária foi notícia
quando foram encontradas 22 carcaças de porcos
em avançado estado de decomposição,
provocando um cheiro intenso. Situação que
voltou a centrar as atenções nesta exploração,
da qual os residentes têm queixas semelhantes desde
há muitos anos.
Na altura as autoridades que tomaram conta da ocorrência
alertavam para os riscos da saúde pública,
já que os dejectos estavam a correr para os cursos
de água da zona e mesmo para propriedades privadas.
O que levou à instauração de um inquérito
na suinicultura em causa por parte de diversas entidades.
Mas dois anos antes a exploração já
tinha sido alvo de investigações pelo lançamento
de dejectos numa ribeira próxima.
A autarquia diz que a licença que falta ao proprietário
é a de domínio hídrico e que possuem
a restante documentação necessária,
pelo que à câmara restou pressionar as entidades
com competência para intervir, que não resolveram
o problema. Em Agosto a edilidade, para dificultar o funcionamento
da exploração, proibiu a passagem no caminho
de acesso à quinta a viaturas com mais de três
toneladas e meia, para que os pesados que fazem o transporte
dos suínos não pudessem passar. Mas os moradores
acusam a GNR de fechar os olhos a esta limitação
imposta pela Câmara e de ser conivente com a situação.
E acrescentam que os camiões preferem pagar os
30 euros de multa a deixar de passar. O comandante Marcos
da GNR refuta as acusações e diz que não
podem estar sempre ali militares, mas que quando são
chamados actuam e já passaram várias multas.
Os residentes na área contam os vários episódios
a que têm assistido ao longo dos anos e falam em
cenários recorrentes de animais em putrefacção,
de um cheiro contínuo nauseabundo e da presença
constante de insectos. "Estou num autêntico
inferno e não sou rica para ir morar para outro
lado", desabafa uma das moradoras, que já
recorreu a inúmeras entidades, na esperança
de ver a situação resolvida. "É
um problema para o qual não temos soluções
muito eficazes", reconhece Alçada Rosa. "Não
a podemos encerrar e a Câmara não pode vedar
o acesso, podemos é condicioná-lo",
acrescenta. Por isso considera-se a possibilidade de apertar
mais o cerco e limitar o trânsito da via apenas
a ligeiros.
O socialista Miguel Nascimento diz que esta é uma
situação "inadmissível, escandalosa
e perigosa para a saúde pública". O
vereador da oposição entende que a Câmara
deve continuar a fazer pressão junto das autoridades
competentes e frisa que a situação em que
se encontra esta exploração agrícola
"não é própria de um País
da União Europeia".
A estrutura, situada nas imediações de Vila
do Carvalho, é considerada de média dimensão.
Tem capacidade para cerca de 300 animais e tem quatro
funcionários ao seu serviço.
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