Por Eduardo Alves


Durante os próximos 25 anos, as rendas camarárias vão ser entregues a um consórcio formado por três bancos

O encontro foi marcado na passada quarta-feira, 24, com urgência, e nem mesmo a Comunicação Social foi alertada para a reunião. Carlos Pinto, presidente da Câmara Municipal da Covilhã há algum tempo que vinha arrastando a votação do dossier que confere a exploração das rendas de habitação social do concelho a um consórcio formado por bancos.
No encontro que decorreu sexta-feira, 26, a equipa chefiada por Pinto decidiu entregar a três bancos particulares, “Santander, BPI e Totta”, os dividendos provenientes das rendas dos 547 fogos de habitação social do concelho, num período de 25 anos. Em contrapartida, a autarquia serrana vai encaixar cinco milhões e 792 mil euros. O edil covilhanense adianta já o destino a dar a estes dividendos. Segundo Carlos Pinto, estas verbas vão ser canalizadas para a recuperação do Centro Histórico da Covilhã. No entender de Pinto, “esta medida vai permitir que muitas famílias regressem à zona central da cidade”.

Nascimento mostra-se contra este negócio

Esta é uma forma de “hipotecar o futuro da autarquia”, explica Miguel Nascimento. Segundo o vereador do Partido Socialista, único na oposição, um negócio feito com estes contornos, “só já vem complicar uma situação, já de si, bastante débil”. Nascimento consegue mesmo descortinar uma jogada política “de quem está em final de mandato”, nesta solução. O vereador na oposição voltou a socorrer-se do orçamento camarário para 2005, “como exemplo da má saúde das finanças da câmara”. Segundo Nascimento, as previsões de receitas para o próximo ano “assentam na venda de quase metade do património da autarquia”. Para o socialista, o rumo que as contas autárquicas estão a tomar “é muito perigoso” e o próximo candidato terá de “ser alguém de bastante coragem”.