Polícias e jornalistas sentaram-se
à mesma mesa e falaram sobre o que os une
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Polícias
e comunicação social
A segurança das
notícias
Pode fazer história,
o encontro de profissionais da polícia e jornalistas,
realizado na passada quinta-feira, 11, no anfiteatro I
da UBI. Pela primeira vez, as forças policiais
fizeram-se representar oficialmente numa iniciativa sindical,
que reuniu também, representantes da Comunicação
Social.
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Por Eduardo
Alves
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Por momentos, o anfiteatro
da Parada, na UBI, foi um dos locais mais “seguros”
do País. Na passada quinta-feira, 11, as várias
forças policiais portuguesas, Polícia de Segurança
Pública (PSP), Guarda Nacional Republicana (GNR)
e Polícia Judiciária (PJ) fizeram-se representar
numa acção promovida pelo Sindicato dos Profissionais
de Polícia (SPP).
Fernando Paulouro, director do Jornal do Fundão foi
um dos oradores convidados para falar neste encontro intitulado
“Polícia e Comunicação Social:
novos desafios”. Paulouro, antes mesmo de começar
a falar sobre a sua experiência de relacionamento
com as forças policias, enquanto jornalista, congratulou-se
com o facto de estarem reunidos no mesmo local, responsáveis
da segurança. O director do Jornal do Fundão
lembra “o quanto é difícil, neste País,
fazer qualquer movimento sindical ligado às forças
policiais”.
Outro dos intervenientes neste debate foi Paulo Serra, director
do curso de Ciências da Comunicação
da Universidade da Beira Interior (UBI). Serra lembra o
papel fundamental das polícias no contexto das sociedades
democráticas. O docente vai mais longe e diz mesmo
que “não pode haver liberdade sem segurança”.
Não obstante, o responsável pelo curso de
Ciências da Comunicação lembra que “é
sempre do interesse da polícia dar a informação
necessária aos media”. Um dos pontos que marcou
todas as intervenções diz respeito aos fracos
canais de ligação entre as polícias
e os meios de comunicação social. Paulouro
alerta para o “hiato entre o tempo dos jornalistas
e o dos polícias”. Nem sempre as investigações
policiais decorrem da forma “como os profissionais
da comunicação querem”. Daí que,
“numa sociedade cada vez mais mediatizada”,
como classifica Paulo Serra, se verifique um elevado número
de atropelos às leis da justiça. A criação
de gabinete de imprensa nas várias áreas policiais,
com “agentes preparados, de forma específica,
para lidar com jornalistas”, seria, no entender dos
intervenientes, uma forma de solucionar o problema.
No entender de Fernando Paulouro, a forma como o jornalismo
tem lidado com os casos policiais mais mediáticos,
“é algo que tem de sofrer profundas transformações”.
Para o director do semanário regional, “os
jornais não podem ser tribunais de papel”,
onde os suspeitos passam a condenados e as penas são
sentenciadas “de forma ilegítima”.
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Para além das forças policiais e dos
jornalistas, a participação activa
dos cidadãos é fundamental |
António Ramos, presidente do SPP é o rosto
do movimento sindical no seio das forças policiais.
Na deslocação à UBI foi também
uma das vozes que se manifestou “bastante contente”
com a presença oficial de representantes das várias
forças de segurança.
De toda a história deste sindicato, e de toda uma
carreira de polícia e de ligação aos
jornalistas, António Ramos guarda “boas lembranças”.
Um dos episódios mais marcantes que foi lembrado,
com algum entusiasmo, pelos polícias presentes nesta
iniciativa foi o da manifestação na Praça
do Comércio, onde “estiveram polícias
contra polícias”, recorda Ramos.
O presidente do SPP lembra também que “sem
os meios de comunicação social, talvez hoje,
ainda não existisse sindicato de polícias”.
Grande parte da criação deste movimento e
a força que ele ganhou “deve-se aos media”,
confessa António Ramos. O papel desempenhado pelos
polícias é “bem diferente” daquele
que é executado pelos jornais. Mas, ambos “sustentam
um espaço livre, seguro e democrático”,
sublinha Paulo Serra.
Fernando Paulouro chega mesmo a dizer que este espaço
democrático deve ser “patrulhado”, para
além dos jornais e dos polícias “pelas
pessoas, e pela sua participação cívica
na vida das sociedades”. Num jogo que toca quase todos
os campos de acção, polícias e jornalistas
tendem “a levar uma convivência sã e
obrigatória, de forma a poderem vigiar-se uns aos
outros”, conclui António Ramos. |
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