Num final de tarde
da semana passada, quem estava na Rua Alexandre Herculano,
perto da Igreja de Santa Maria, foi surpreendido com a
derrocada de uma casa situada ao lado de onde decorrem
obras de demolição de outra habitação
degradada. Vários populares comentavam que a parede
ficou sem uma viga de apoio que foi retirada e por isso
ficou sem reforço e mais fragilizada, mas o empreiteiro
rejeita qualquer responsabilidade.
Na altura não se encontrava ninguém em casa,
mas ela é habitada por uma idosa de 84 anos, que
foi para casa de familiares enquanto as obras decorriam
ali ao lado, embora os seus pertences se encontrassem
lá dentro. Neste momento a casa de banho, assim
como a cozinha, estão sem parede e uma parte está
tapada com plásticos, uma vez que durante esses
dias não parou de chover.
O acidente aconteceu por volta das 19 horas, quando já
não havia ninguém na obra. Mas os comentários
que eram feitos iam no sentido de que alguma máquina
tivesse embatido na parede que com a agravante da chuva
acabou por ruir mais tarde. Júlio Pereira, o empreiteiro,
diz que a sua empresa não teve qualquer responsabilidade
e frisa que "não se podia fazer nada porque
o prédio está em ruína total".
"É da intempérie, as águas metem-se
na parede", sublinha. No entanto, reconhece que com
as obras "os terrenos sempre tremem" e que a
habitação que ruiu "ficou sem o apoio
da outra casa". Questionado sobre se essa situação
não podia ter sido precavida, respondeu que não
havia nada a fazer. Mas tranquiliza os restantes moradores
das casas ao lado e diz que não correm o risco
de lhe acontecer o mesmo.
O vereador com o pelouro da Habitação na
autarquia covilhanense, João Esgalhado, deslocou-se
ao local no dia seguinte. Falou com os familiares da octogenária
mas sublinha que não é à câmara
que compete resolver o problema. Aquilo em que podem ajudar,
diz, é na prestação de apoio técnico
e logístico. "E compete-nos notificar o proprietário
para deitar o resto abaixo, porque não vejo outra
solução para ali", frisa. Uma das filhas
da senhora que reside na casa diz que o vereador prometeu
arranjar alojamento, mas não sabe quanto tempo
isso vai demorar.
Esgalhado diz que este tipo de situações
o deixam preocupado e lembra que no concelho existem cerca
de 1200 habitações identificadas com problemas
de degradação. Algumas em vias de ruína.
"Não se pode dizer que tenha uma atitude de
distracção em relação ao problema,
mas são processos morosos", sublinha.
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