Noite
escura
de
João Canijo
Por
Catarina Rodrigues
João
Canijo mostra, no seu mais recente filme, uma faceta de
Portugal para muitos desconhecida e por outros ignorada.
"Noite escura" é dos melhores filmes
portugueses já realizados. A acção
está focada numa única noite, algures na
província portuguesa. A história passa-se
num bar de alterne gerido por uma família –
pai, mãe e duas filhas. As raparigas vivem num
perigoso jogo de sedução para atrair clientes.
Um mundo de falsas aparências onde qualquer sonho
fica desfeito à partida. O negócio acaba
por correr mal e o pai sacrifica a filha mais nova arruinando
assim toda a família. Aquilo que parecia ser apenas
mais uma noite de trabalho, rapidamente se transforma
numa tragédia devido a um falhanço negocial.
A história chega a ser sufocante, mas bem próxima
da realidade. De uma forma intensa, assistimos à
degradação de uma família.
"Noite Escura", último filme de João
Canijo, apresentado na Selecção Oficial
do Festival de Cannes, é baseado numa peça
de Eurípides, "Ifigénia em Aulis",
aqui transposta para um mundo sórdido onde fica
provado que nem tudo se vende. A força do argumento
aliada à boa prestação dos actores
Beatriz Batarda, Cleia Almeida, Fernando Luís e
Rita Blanco fazem de "Noite Escura", um grande
filme.
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