João Alves
NC / Urbi et Orbi


António Mexia não parou na portagem colocada em Belmonte

"A isenção para os locais é um dos pilares nesta nova solução para as SCUTS. Esta funcionará através de um sistema electrónico em que as pessoas escolhem um ponto a partir do qual partem todos os dias e a partir do qual terão um raio de isenção de acordo com aquilo que é a mobilidade típica. Estamos a trabalhar na calibragem do modelo, a implementar até Março do ano que vem". Foi esta, em suma, a única novidade que o ministro das Obras Públicas, António Mexia, deixou na passada sexta-feira, 22, em Belmonte, onde reuniu com os autarcas da Beira Interior para discutir a aplicação de portagens na A23 e as eventuais alternativas.
Mexia deixa assim a hipótese de "mexer" na isenção de 30 quilómetros para empresas e residentes da região, alargando-a para um pouco mais (há autarcas que defendem os 50 quilómetros), mas volta a vincar a sua intransigência no que concerne ao pagamento da Auto-Estrada da Beira Interior. "O ideal era que tudo fosse gratuito, mas isso é impossível e não queremos hipotecar o nosso futuro" explica o ministro, referindo-se ao Plano Rodoviário Nacional, que foi discutido na reunião. Segundo António Mexia, nos próximos 10 anos, serão investidos 370 milhões de euros em estradas alternativas ao longo da A23 e ligadas a ela todas as sedes de concelho. "Estamos a falar de garantir que se consegue finalmente a coerência do sistema rodoviário" afirma António Mexia, que salienta que os estudos demonstram que as estradas secundárias e municipais "são mais importantes que as auto-estradas. São fundamentais para o desenvolvimento regional".
À chegada a Belmonte, o ministro foi confrontado com uma manifestação da Comissão de Utentes da A23 (ver caixa) que mostrava o seu desagrado com a aplicação de portagens, um facto ao qual deu pouca relevância. Isto, num dia em que também a Comissão de Utentes da futura A25 fazia uma marcha lenta que entupiu o IP5. "Acho que toda a gente deve manifestar a sua opinião. Não esperava que toda a gente estivesse de acordo. Porém, não podemos viver com base em ilusões. Temos de passar de uma portagem virtual para uma real, passando de uma realidade virtual para uma realidade que é o crescimento de Portugal" afirma o Ministro das Obras Públicas.

Autarca da Guarda diz que "não haverá portagens"

Quanto aos autarcas da região, as opiniões eram diferentes. O presidente da Câmara do Fundão, o social-democrata Manuel Frexes, diz ser fundamental que os residentes e empresas "não suportem as portagens" e revela satisfação pelo facto do raio de abrangência, 30 quilómetros, ter sido "deixado em aberto, tendo em conta a mobilidade normal na nossa região". Frexes concorda com Mexia no que diz respeito à rede secundária, pois "as estradas não se resumem às auto-estradas. É preciso uma rede complementar que hoje esteve aqui em foco".
Já o presidente da Câmara da Covilhã, o também "laranja" Carlos Pinto, salienta que "não deveria haver portagens", pois essa seria "a solução ideal para o nosso desenvolvimento", mas mostra satisfação por ver avançar obras importantes para o concelho, como o troço entre Unhais e a Covilhã, bem como a Periférica à cidade (ver última página).
Quanto aos autarcas socialistas, Maria do Carmo Borges, presidente da Câmara da Guarda, mostra-se convicta de que a Auto-Estrada não será taxada. "Quando a A23 foi feita, foi com a intenção de desenvolver o Interior. Continuo a pensar que não terá portagens. O estudo aqui apresentado levava a que todas tivessem portagens e se considerássemos a A23 uma auto-estrada também teria. Mas ela foi construída sobre troços do IP2, que estavam já construídos. A A23 não virá nunca a ter portagens. Não temos alternativas, há troços do IP2 ocupados, há troços da nacional 18 que são já municipalizados. Aliás, esta rede não foi falada em termos de melhorias" lamenta.
Já o autarca albicastrense Joaquim Morão diz que "a ideia com que ficamos é que o senhor ministro quer mesmo avançar com as portagens". Quanto às alternativas, "as aqui apresentadas são só a isenção de portagem para residentes em 30 quilómetros. Por tudo isto, vamos ser penalizados".