Por António Gil


Pinturas a óleo de Fernando Simões

Encontra-se patente ao público, desde o dia 26 de Outubro e até ao dia 5 de Novembro, uma exposição no átrio do Hospital Pêro da Covilhã, da autoria do pintor Fernando Simões. Esta exposição é subordinada ao tema Motivos da Beira.
Segundo o artista “ os motivos que aqui tenho, são todos dentro da Beira, inspirados em motivos beirões, relacionados com o meio onde estou inserido”. Encontram-se expostos cerca de dezanove quadros, subordinados a diversos motivos. Uns relacionados com as actividades agrícolas, outros com actividades ligadas aos lanifícios, nomeadamente através da representação da arte do tecer, outros com algumas naturezas mortas. Alguns dos seus quadros são feitos a óleo e outros a pastel.
Simões considera esta exposição como “mais uma e feita para mim”, porque nunca tinha visto estes quadros “todos juntos e assim bem postos”. No atelier encontram-se de forma desarrumada, “vendo-os aqui, tiro ilações para quadros futuros”.
Escolheu este local, por se tratar de uma zona de grande movimento de pessoas desta região, como salienta “é um local de grande transitividade de pessoas que, quer queiram quer não, têm mesmo que ver”. Considera este sistema, uma forma de arte interventiva.
É um local, onde passa muita gente, ao contrário de outros. Por vezes expõe em determinados locais que, ou por falta de divulgação ou de interesse, tem uma média de visitantes de três ou quatro, por dia. Com a importância cultural que a Covilhã já tem, merecia ter uma galeria oficial ou particular, permanentemente aberta, para a divulgação dos artistas desta região.


“Uma pessoa fica agarrada à arte”



Fernando Simões é natural da freguesia do Peso, Concelho da Covilhã, tem 43 anos de idade é licenciado em Engenharia e professor do ensino Secundário. Começou a pintar entre os dezassete e os dezoito anos. No início de uma maneira lúdica, depois foi-se aperfeiçoando e como diz “uma pessoa fica agarrada à arte”. Considera esta actividade em duas vertentes, uma como hobby, “porque se tem um certo prazer em fazer arte”. A outra, como actividade regular, “devido a que já acarreta custos, em tempo e material, ou seja, torna-se regular porque tem que ser vendida para se sustentar”. Quanto ao estilo, gosta de trabalhar motivos realistas, “mas que tenham uma certa carga simbólica e psicológica”. Não se dedica muito ao abstracto, nem a outros tipos de arte menos representativa, embora, por vezes se dedique à arte Sacra. A figura e os motivos humanos, são essencialmente aquilo que mais o preocupa.
Fez a sua primeira exposição no ano de 1978, tendo desde aí, já realizado largas dezenas. Na comemoração dos 25 anos de actividade, realizou uma exposição no Edifício de Arte e Cultura da Covilhã, onde reuniu cerca de cento e vinte obras da sua autoria. Esta mostra esteve patente em Dezembro de 2003.
À questão do que diria àqueles que pretendem expor pela primeira vez, resumiu nestas palavras: “ as pessoas têm que ver se conseguem viver ou passar bem sem pintar, ou sem fazer arte. Se sim, não estão destinadas para isso, agora se independentemente das consequências sentem essa necessidade é melhor não se frustrarem e continuarem”.
Estas exposições têm como fim, humanizar todo aquele espaço hospitalar. Quanto aos utentes daquela área, apreciam os quadros, enquanto esperam pela hora das visitas.