Segundo o especialista, este problema
tem vindo a aumentar na região centro
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Especialistas
alertam
Gordura da barriga é
a mais perigosa
O número de
pessoas obesas é preocupante e o nutricionista
Tumuldo Barata diz que se trata de uma doença comportamental,
que só se cura com a mudança de hábitos
alimentares, associada à actividade física.
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Ana Ribeiro
Rodrigues
NC / Urbi et Orbi
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Mais importante do que
o peso que se tem é o tamanho da barriga que se tem",
porque a gordura intra-abdominal aumenta a maior parte dos
riscos associados ao excesso de peso, como a diabetes, os
problemas cardíacos, respiratórios ou as varizes.
Este é um dos alertas sublinhados por Tumuldo Barata,
nutricionista do Centro Hospitalar Cova da Beira. Por isso
frisa que as mulheres que tenham mais de 80 centímetros
de barriga e os homens que tenham mais de 94 devem ficar
preocupados. Se os valores aumentarem, para 88 e 102, respectivamente,
essa preocupação deve ser acrescida.
Segundo o médico, no que toca a pessoas com excesso
de peso, o panorama na região não difere do
que acontece a nível nacional. O número tem
aumentado e é um problema que afecta um elevado número
de pessoas. Quanto à situação inversa,
de pessoas que se deparam com problemas de peso a menos,
Tumuldo Barata diz que não é muito frequente.
Mas um estudo recente sobre a prevalência da obesidade
em Portugal, coordenado pela endocrinologista Isabel do
Carmo, mostra que 8,7 por cento dos portugueses entre os
18 e os 19 anos são extremamente magros, um problema
que afecta sobretudo as mulheres.
Tumuldo Barata considera que estes casos são mais
recorrentes nos meios mais urbanos, mas que ainda assim
são uma gota no oceano. No entanto, frisa que tem
igualmente muitos riscos associados e critica “a estupidez
da moda” e os exageros que se cometem, “porque
a moda muda mas os hábitos saudáveis serão
os mesmos”.
De qualquer forma a obesidade, “grau maior do excesso
de peso, o aumento de massa gorda no indivíduo a
ponto de causar danos à sua saúde”,
é um problema que atinge demasiada gente e, no entender
de Tumuldo Barata, “é uma doença comportamental,
como a sida, a cirrose hepática ou o cancro do pulmão
no fumador”. Por isso diz que não há
que desculpabilizar mas sim alterar a forma de viver. Não
só pelo bem-estar de cada uma das pessoas mas também
porque a obesidade, e as suas consequências, têm
um custo demasiado elevado para o Serviço Nacional
de Saúde.
Risco de diabetes e esclerose é 11 vezes
maior
“As pessoas têm que aprender a viver, não
é a comer”, diz. E acrescenta que o trabalho
que faz não é dar consultas, mas sim dar programas,
para as pessoas se consciencializarem que têm de mudar
os seus hábitos alimentares, o que entende que não
lhes pode ser impingido. Mas salienta que isso terá
que estar sempre associado ao exercício físico,
porque "todo o regime alimentar está sujeito
a fracassar se não for acompanhado por exercício
regular", e critica as dietas milagrosas que se vendem
por aí.
Até porque, sublinha, "a perspectiva a longo
prazo vai contra a dieta" e de encontro a uma mudança
de hábitos para a vida e "o grande objectivo
é manter o peso depois de o perder". Inclusive,
Tumuldo Barata diz que é preferível perder
menos peso mas conseguir mantê-lo que perder mais
mas voltar a engordar.
A existência de disfunções hormonais
que tornem a pessoa propícia a engordar é
também quase sempre, na opinião do nutricionista,
uma falácia com que as pessoas se enganam a si próprias.
Segundo Tumuldo Barata a propensão não tem
a ver com a obesidade, já que é uma coisa
que se pode evitar, e as hormonas têm influência
numa minoria. Aliás, as hormonas integram os cinco
por cento de casos que são "excepções
raras", de obesidade primária. "As pessoas
são culpadas e traçam o seu próprio
destino", reitera. E para além das consequências
já enunciadas o médico acrescenta que o risco
relativo de ter diabetes ou esclerose, por exemplo, é
11 vezes maior numa pessoa obesa.
Há um grande desconhecimento
De acordo com o referido estudo a pré-obesidade tem
vindo a crescer. Tumuldo Barata diz que pré-obesos
são quem tem 18 por cento de massa gorda no seu corpo,
no caso dos homens, e 25 por cento nas mulheres. Obesos
são os homens que têm 25 por cento de massa
gorda e as mulheres com mais de 32 por cento. O nutricionista
refere ainda que as mulheres "procuram mais os serviços
de controle de peso" e "são um melhor mercado",
mas salienta que isso não quer dizer que haja mais
mulheres obesas que homens. No entanto, Isabel do Carmo
realça que as mulheres têm um depósito
de gordura relacionado com as suas funções
reprodutivas que os homens não têm.
O ideal é apostar na prevenção, mas
Tumuldo Barata diz que há um grande desconhecimento
das pessoas até sobre coisas que lhes são
úteis no quotidiano. "Na escola é mais
importante ensinar o sistema reprodutivo das minhocas ou
do caracol que ensinar estas coisas básicas",
relacionadas com a alimentação adequada, ironiza.
Um desconhecimento que entende ser extensível aos
próprios médicos. "É uma área
para a qual a maioria dos médicos não está
preparada", lamenta, e critica o facto de os cursos
de medicina não terem cadeiras de nutrição
e actividade física. A excepção é
a licenciatura na UBI, onde lecciona essas disciplinas.
"Os consumos excessivos, diz, podem ser feitos pela
quantidade ou pela qualidade". E defende que se as
pessoas procurassem informar-se iriam desmistificar conhecimentos
nutricionais errados que persistem. Alvo das suas críticas
é também a indústria alimentar e as
suas estratégias de marketing, e considera a comida
hipercalórica "um dos cancros que aflige a sociedade". |
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