António Fidalgo
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Os russos
na Covilhã
Representantes
de duas empresas russas visitaram a UBI para conhecer
o ensino e a investigação que se faz no
Departamento de Engenharia Aeronáutica. Existe
a possibilidade de essas empresas, uma fabricante de helicópteros
e outra de hidroaviões, escolherem a Covilhã
para investirem na indústria aeronáutica.
Se tal vier acontecer, constituirá inegavelmente
um factor de desenvolvimento da região.
Como se chegou aqui, como é que duas empresas russas
consideram a hipótese de investir na Covilhã
em áreas de tecnologia sofisticada? Vale a pena
olhar para trás um pouco e ver como estas coisas
têm uma história.
Primeiro, como é que a UBI é a única
universidade portuguesa com uma licenciatura de aeronáutica?
A razão é simples: porque o reitor Passos
Morgado era um brigadeiro da Força Aérea
Portuguesa. Não fossem as suas ligações
ao mundo da aeronáutica, não tivesse ele
convidado o General Lemos Ferreira, ex-chefe do Estado
Maior da Força Aérea e depois ex-chefe do
estado Maior das Forças Armadas para integrar o
Senado da UBI, não tivesse ido buscar cientistas
brasileiros e russos para leccionarem no novo curso, e
com certeza não haveria curso de aeronáutica
na UBI e não teríamos duas empresas aeronáuticas
russas à beira de investir na Covilhã.
O desenvolvimento é um casamento de acasos felizes
e de decisões arrojadas. Deu-se o caso do primeiro
reitor da UBI ser um oficial superior da Força
Aérea Portuguesa e houve a deliberação
arriscada de criar aqui a primeira licenciatura de Aeronáutica
em Portugal. Mais de dez anos se passaram depois da criação
da licenciatura, e se agora as empresas russas vierem,
então torna-se de imediato patente que foi sábia
a criação do curso. Os frutos não
são imediatos. Uma coisa sabemos, não houvesse
o curso de Aeronáutica na UBI e a Covilhã
não seria uma hipótese para uma fábrica
de aviões. O ensino superior serve de atracção
do investimento e do desenvolvimento. Os recursos humanos
são cada vez mais importantes na determinação
dos locais onde investir e apostar economicamente.
O que hoje acontece com o curso de aeronáutica
ao servir de factor de atracção para as
duas empresas investirem aqui, poderá amanhã
acontecer com outros cursos, nomeadamente o cinema. A
condição fundamental é a formação
de jovens de alta qualidade cultural, científica
e tecnológica. As coisas não vêm por
acaso, vêm porque se aproveita o acaso e se converte
numa boa oportunidade de negócio.
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