Por Mayra Prata Fernandes


Os Mercado Negro deram cores e sons diferentes a uma noite de festa e gozo académico

A abertura com o Grupo de Capoeira da Covilhã prometia uma noite de sensações fortes, deixando um cheirinho daquilo que viria a acontecer e fazendo crescer todas as expectativas até então criadas. Duff, uma banda jovem, foi o aperitivo que muitos esperavam e tendo sido a primeira vez na cidade serrana afirmaram ter havido "um feedback inesperado, pela positiva".
À memorável actuação dos Terrakota, acrescenta-se algo de inédito, uma demonstração de capoeira em simultâneo, ao som do tema "Omo Huma". O êxtase invadiu o pavilhão, preparando o público para os cabeça de cartaz, Mercado Negro. A experiência de estar em palco com os Terrakota, dizem os capoeiristas, “foi maravilhosa, uma sensação boa, de energia muito positiva e uma oportunidade que não surge todos os dias". Os Terrakota, por sua vez, gostaram da reacção do público e pretendem voltar, a fim de continuarem a passar a sua mensagem: "Procurar as coisas verdadeiras e não a moeda falsa nesta parafernália, que é a vida". Não menos importante, será saber o significado do nome do grupo, que a todos inspira curiosidade. Terrakota tem duplo sentido: por um lado, o processo de cozimento do barro, processo de que eles também são alvo na medida em que estão a crescer; por outro, o facto de "kota" em Angola significar mais velho, aquele que tem experiência de vida, isto remete para terra anciã, do conhecimento, logo, grupo que procura o conhecimento e que o transmite aos outros.

“Funtástico” Mercado Negro

Mas as vibrações positivas não acabaram por aqui, embora a noite já estivesse no auge com as actuações anteriores, o "funtástico", como disse um caloiro, ainda estava para chegar. E chegou. Os Mercado Negro arrasaram com tudo e com todos. Houve quem os considerasse únicos, magníficos e a isso podemos juntar as palavras do vocalista "o público puxou por nós. Mandámos vibrações e recebemos de volta, por isso há sempre um brilhozinho nos olhos". Messias, o vocalista, ex-Kussondulola, deixou o antigo grupo para dar continuidade à sua necessidade de criar e diz que “dá mais gozo” fazer Mercado Negro, pois explica, "é no mercado negro, como aqueles que temos em África, que encontramos aquilo que não conseguimos em mais lado nenhum, é essa a essência!" Mercado Negro é o lado positivo da situação do mundo, da dura realidade e o reggae é "música do coração". Também do coração nasceu o tema "Lua", que apesar de não ser do grupo não foi escolhido intencionalmente, mas por influência da sua filha de quatro anos, que se chama Luana. Desta forma a intemporalidade do tema contribuiu em muito para o sucesso que tem tido.