A abertura com o Grupo
de Capoeira da Covilhã prometia uma noite de sensações
fortes, deixando um cheirinho daquilo que viria a acontecer
e fazendo crescer todas as expectativas até então
criadas. Duff, uma banda jovem, foi o aperitivo que muitos
esperavam e tendo sido a primeira vez na cidade serrana
afirmaram ter havido "um feedback inesperado, pela
positiva".
À memorável actuação dos Terrakota,
acrescenta-se algo de inédito, uma demonstração
de capoeira em simultâneo, ao som do tema "Omo
Huma". O êxtase invadiu o pavilhão,
preparando o público para os cabeça de cartaz,
Mercado Negro. A experiência de estar em palco com
os Terrakota, dizem os capoeiristas, “foi maravilhosa,
uma sensação boa, de energia muito positiva
e uma oportunidade que não surge todos os dias".
Os Terrakota, por sua vez, gostaram da reacção
do público e pretendem voltar, a fim de continuarem
a passar a sua mensagem: "Procurar as coisas verdadeiras
e não a moeda falsa nesta parafernália,
que é a vida". Não menos importante,
será saber o significado do nome do grupo, que
a todos inspira curiosidade. Terrakota tem duplo sentido:
por um lado, o processo de cozimento do barro, processo
de que eles também são alvo na medida em
que estão a crescer; por outro, o facto de "kota"
em Angola significar mais velho, aquele que tem experiência
de vida, isto remete para terra anciã, do conhecimento,
logo, grupo que procura o conhecimento e que o transmite
aos outros.
“Funtástico” Mercado Negro
Mas as vibrações positivas não acabaram
por aqui, embora a noite já estivesse no auge com
as actuações anteriores, o "funtástico",
como disse um caloiro, ainda estava para chegar. E chegou.
Os Mercado Negro arrasaram com tudo e com todos. Houve
quem os considerasse únicos, magníficos
e a isso podemos juntar as palavras do vocalista "o
público puxou por nós. Mandámos vibrações
e recebemos de volta, por isso há sempre um brilhozinho
nos olhos". Messias, o vocalista, ex-Kussondulola,
deixou o antigo grupo para dar continuidade à sua
necessidade de criar e diz que “dá mais gozo”
fazer Mercado Negro, pois explica, "é no mercado
negro, como aqueles que temos em África, que encontramos
aquilo que não conseguimos em mais lado nenhum,
é essa a essência!" Mercado Negro é
o lado positivo da situação do mundo, da
dura realidade e o reggae é "música
do coração". Também do coração
nasceu o tema "Lua", que apesar de não
ser do grupo não foi escolhido intencionalmente,
mas por influência da sua filha de quatro anos,
que se chama Luana. Desta forma a intemporalidade do tema
contribuiu em muito para o sucesso que tem tido.
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