As divergências com a direcção do Teatro das Beiras levou à ruptura entre actores e corpos administrativos
Actores do GICC prometem
Nova companhia de teatro profissional
pode nascer na Beira Interior

Nove elementos saíram do Teatro das Beiras devido a divergências com o director e alguns deles já estão a trabalhar na criação da Estação Teatral da Beira Interior.


NC / Urbi et Orbi


Uma nova companhia de teatro profissional prepara-se para nascer na Beira Interior, na sequência da saída de nove elementos do Teatro das Beiras, entre os quais os actores, por divergências com o director, Fernando Sena. Quatro dessas pessoas estão já envolvidas num novo projecto a que chamam Estação Teatral da Beira Interior (ESTE) e encontram-se já a trabalhar no seu processo de legalização.
O ex-director artístico do Teatro das Beiras, Nuno Pino Custódio, o técnico Pedro Fino e os actores José Alexandre Barata e Ana Filipa Trindade, conjuntamente com a actriz Sandra Horta, têm estado a utilizar as instalações do Teatro Clube de Alpedrinha, onde vão ficar até Novembro. Para já, encontram-se a trabalhar na preparação de um projecto para a infância.
Nuno Pino Custódio diz que se justifica uma segunda companhia profissional na região, que pode criar o seu próprio espaço desde que se afirme como alternativa ao que é feito. Um objectivo que pretendem atingir indo ao encontro do público através de várias formas, como é também o caso da animação e do teatro de rua.
Ana Ademar, Carlos Calvo, Ricardo Brito, Rogério Bruno e Rui Silva, estes dois que faziam também parte da direcção, completam o grupo de profissionais do teatro que saíram do GICC-Teatro das Beiras. O motivo, dizem, foi porque estavam esgotadas as vias do diálogo. E acusam Fernando Sena de isolamento e incompatibilidade com a realidade da companhia
O grupo chegou a sugerir a demissão do director, caso este não soubesse interpretar a vontade colectiva de mudança. Mas frisam que como resposta tiveram a ameaça de expulsão e instauração de processos disciplinares. O NC tentou contactar o director do Teatro das Beiras para comentar as acusações, mas sem sucesso.
A 22 de Julho enviaram uma petição a Fernando Sena onde reclamavam prioridade a uma filosofia de gestão artística e a 25 de Agosto acabaram por rescindir os seus contratos. Na Assembleia Geral do Teatro das Beiras os dirigentes desvalorizaram a situação, deram um voto de confiança a Fernando Sena e falaram num processo de auto-exclusão. Na mesma reunião magna foram eleitos João Cerdeira e Alexandra Santos para ocupar os dois lugares deixados vagos na direcção. Uma situação sublinhada por José Alexandre Barata, que frisa que assim a direcção não tem ninguém da equipa artística ou técnica.
Entretanto, a companhia estreou a nova peça, " Crónicas", que está em cena até amanhã, sábado, no seu auditório, e conta com actores estagiários da Escola de Teatro do Porto.