José Geraldes
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Ética
e empresas
CSerá possível
haver ética nas empresas e nos negócios
sem se ir para a falência ? A ACEGE( Associação
Cristã dos Gestores e Empresários) responde
pela afirmativa.
Apesar da economia portuguesa atingir a percentagem de
25 por cento em negócios paralelos com fuga aos
impostos e não cumprindo as regras do mercado,
a ACGE considera que a situação pode mudar
por uma mudança de mentalidade.
Com este objectivo, foi elaborado um Código de
Ética que inclui seis obrigações
éticas na acção empresarial. As obrigações
em forma de compromisso passam primeiro pelo respeito
da dignidade dos colaboradores das empresas. Depois pela
economia social do mercado com pagamento dos impostos.A
excelência no trabalho e na acção
social vem a seguir com um sentido de exigência
e de eliminação das chamadas “baldas”.
A independência e a lealdade são dois princípios
básicos imprescindíveis. O relacionamento
com o Estado baseado na exigência surge como outro
factor a dar uma dimensão diferente à economia.
Finalmente, o relacionamento com a sociedade com base
na responsabilidade e na solidariedade e o sentido do
compromisso ético empresarial constituem pilares
que fundamentam todos os negócios.
Para a ACEGE, a economia paralela ou informacionalidade
em termos técnicos só pode ser resolvida
precisamente pelo Código de Ética.
À partida, podemos estar em face de uma utopia.
Mas o homem quando quer, pode mudar o estado das coisas
no sentido positivo. Basta que tenha vontade de o fazer
e procure os meios e as estratégias adequadas para
conseguir o objectivo desejado.
Um exemplo. Há multinacionais que redigiram regulamentos
internos a estabelecer o montante máximo do valor
das prendas que os seus funcionários podem receber
de fornecedores ou clientes. Caso se ultrapassem os valores
estabelecidos, todas as prendas são consideradas
um suborno e forma de corrupção que pode
levar a despedimentos por justa causa.
Aui está um princípio ético que certamente
incita a formas de relacionamento mais transparentes.
E, onde há transparência, deixa de haver
o convite para a corrupção.
Uma questão pertinente é saber se o Código
de É tica em elaboração pode ser
aplicado na situação actual das empresas
portuguesas. José Roquette, o seu principal dinamizador
mostra um optimismo moderado e diz claramente que “só
se vai conseguir alterar a situação se houver
mudanças de hábitos, isto é, de atitudes
éticas”. Embora admita problemas ao nível
das Pequenas e Médias Empresas, acredita na “luta
contra todas as formas de corrupção, activa
e passiva”.
No congressso que elaborou os princípios básicos
do Código, uma das conclusões refere um
“compromisso pessoal” e uma questão
de carácter. Ou seja, “ a ética da
empresa é o somatório da ética de
cada um de nós”.
No fundo, trata-se de uma mudança pessoal a exigir
nova mentalidade.
Eis um desafio oportuno para os empresários portugueses.
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