No anfiteatro das sessões
solenes, Veiga Simão traçou, de modo informal,
as linhas mestras do que foi o ensino superior em Portugal.
Uma frase no passado, também lembrado pelo professor,
um dos mais entendidos na matéria. Até porque,
por estas alturas o superior atravessa um período
“decisivo de afirmação e mudança”,
salienta um dos mentores da UBI, perante a sala preenchida
por estudantes.
Veiga Simão foi um dos oradores a intervir nos
dois dias do VII Congresso Nacional de Estudantes de Economia
e Gestão (CNEEG), iniciativa que esteve a cargo
do Núcleo de Estudantes de Economia da UBI (UBINEEC).
Durante este evento estiveram também na Covilhã
outros nomes ligados ao mundo da gestão e das ciências
sociais, como António Simões Lopes, bastonário
da Ordem dos Economistas.
Contudo, foi a presença de Veiga Simão,
ao lado de Manuel Santos Silva, reitor da UBI, que suscitou
mais atenções nos presentes. Veiga Simão
apresentou os resultados da análise feita ao superior
em Portugal. Um trabalho encomendado ao professor pelo
Governo. Este relatório, que muitos consideram
a futura “carta magna das Universidades”,
dá especial atenção à situação
do Processo de Bolonha.
Veiga Simão refere
que o superior está a travessar uma fase
de mudança
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Urgência em mudar
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De tudo o que viu ao longo de quase meio ano, Veiga
Simão aponta baterias para o poder político.
O antigo ministro da Educação diz mesmo
que “Portugal é rei em leis e contra leis”.
Isto porque, no que se refere ao Processo de Bolonha,
os requisitos impostos às Universidades pelo poder
político, “só parte foram cumpridos”.
Contudo, os dirigentes da nação dizem que
as instituições “têm de estar
preparadas para a sua implementação”.
O relacionamento entre o poder político e o académico,
“não deve obedecer a modelos autoritários”.
Uma afirmação do professor que ganha ainda
mais sentido, quando este fala nas promessas eleitoralistas
de alguns autarcas. Muitos votos são ganhos através
de promessas de implementação de Universidades
e Politécnicos nas diferentes regiões do
País. Sem fugir ao tema, Veiga Simão encarou
e explicou o polémico caso de Viseu. A cidade tem
ensino superior politécnico e vai surgir, dentro
em breve, uma Universidade, que para o antigo ministro
“deve ser exemplo a seguir”. A instituição
a criar em terras de Viriato “estará virada
para a Europa”. Uma opção que deve
ser tomada pelas restantes instituições.
Todo o Processo de Bolonha “está virado para
a Europa”. Este modelo único, que prevê
a uniformização do ensino superior no velho
continente, vislumbra-se como um desafio “despolitizado”
a todas as escolas.
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O aparecimento de múltiplas instituições
de ensino veio trazer o caos ao sector |
Avaliação e creditação apresentam-se
como os dois factores de excelência no Processo
de Bolonha. Estes requisitos não têm sido
cumpridos por todos os estabelecimentos, refere o autor
do estudo feito sobre o superior. Políticas desregradas
na criação de cursos, de instituições
e de licenciados conduziram as Universidades portuguesas
“a um autêntico caos”.
Veiga Simão destaca, ainda assim, alguns exemplos
“bastante positivos”, entre os quais inclui
a UBI. Na época da sua criação, os
estudos prévios, as licenciaturas enquadradas com
as necessidades da região e do País e o
cuidado na qualidade e excelência “dão
agora frutos”. O antigo ministro, acabou também
por apresentar alguns números comparativos do superior
em Portugal e na Europa. Segundo as contas de Veiga Simão,
o atraso estrutural do nosso País é de tal
forma que “só em 2050 vamos conseguir igualar
a média europeia em educação e ensino”.
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Jornadas pouco concorridas
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Para a organização, “este congresso
nacional podia ter sido mais concorrido”. Segundo
os números do UBINEEC estiveram inscritos no evento
da UBI, “pouco mais de 70 alunos”. As datas,
que coincidiram com acções de luta contra
a lei de base do ensino superior, “retirou participantes
ao evento realizado na Covilhã”, adianta
Miguel Espírito Santo.
O balanço “é positivo”, do ponto
de vista da qualidade dos participantes no congresso.
O núcleo de economia conseguiu trazer à
UBI “nomes bastante importantes nesta área”.
As próximas acções promovidas por
este grupo de estudantes “vão ter contas
mais positivas”, sublinham os responsáveis.
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