O Anfiteatro I da Universidade
da Beira Interior recebeu com entusiasmo o padre António
Fontes para uma palestra sobre a importância ressurgida
dos jogos infanto-juvenis na educação. Esta
iniciativa, uma das que mensalmente vão sendo realizadas,
partiu do Sindicato de Professores da Zona Centro, no
sentido de recriar o aproveitamento dos jogos tradicionais
pelos docentes da região, quer a nível pedagógico,
quer a nível cultural.
A conferência, que decorreu no passado dia 18 de
Outubro, foi presidida pelo padre António Lourenço
Fontes, de Vilar de Perdizes, conhecido do público
em geral pelos seus exorcismos, crendices e bruxarias.
Todavia, tem um igual fascínio pelos jogos populares
e por tudo o que diga respeito à cultura do povo.
“O meu suporte, a minha árvore são
o saber popular, a medicina popular, as carências
populares, a música popular, os jogos populares”
– refere.
Numa sociedade cada vez mais individualista, em que imperam
os jogos solitários, o sacerdote reergue o valor
do jogo tradicional, intersubjectivo, ao qual estão
associadas a cooperação, a cidadania, a
tolerância e a aprendizagem. “Através
dos jogos populares, os professores podem inculcar nos
seus alunos uma aprendizagem motivada, ou seja, divertida,
mas simultaneamente didáctica” – afirma
Carlos Costa, Coordenador da Direcção da
Covilhã do Sindicato dos Professores da Zona Centro.
Os jogos de antigamente
foram referenciados durante o evento
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Recuperar as tradições
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Jogos como a Bilharda, o Pião, o Moinho de Vento
e o telefone com caixas de fósforos e fio foram
relembrados por todos no anfiteatro. “Apresentaram-se
aqui jogos fantásticos, alguns dos quais já
estavam esquecidos na nossa memória”, continua
Carlos Costa.
Afastado das suas actividades eclesiásticas, António
Fontes criticou o dogmatismo da Igreja Católica
e a sua pouca receptividade quanto às potencialidades
deste tipo de iniciativas de cariz popular. “Estou
na margem do regime oficial da Igreja, pois tento fugir
um bocado ao autoritarismo” adianta o sacerdote.
O conhecido padre questiona também a não
inclusão do gosto popular na fé religiosa.
Para ele, “a missa deveria ser animada por música
popular, e não por música sacra”.
Segundo o mesmo, os estudantes universitários deveriam
fazer investigações sobre esta temática,
com a finalidade de não deixar morrer o que constitui
a alma do povo: a cultura. Padre António Fontes
deixa ainda, para os mais curiosos sobre o assunto, o
endereço da sua página
da Internet.
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