O largo do Calvário serviu de palco, uma vez mais, à tradicional serenata
Recepção ao Caloiro 2004
Silêncio e nostalgia
dão continuidade à tradição

Como já é habitual, a Serenata abre as portas da recepção ao caloiro. O Calvário enche-se de “capas negras” e, à meia-noite em ponto, o fado invade o espírito académico, de silêncio, nostalgia, saudade….


Por Susana Gomes


Foi com o famoso tema de Carlos Paredes, “Verdes anos”, que o grupo de fados e guitarradas de Coimbra, com o mesmo nome, deu inicio a mais uma Serenata, no passado dia 17.
A magia da voz de António Dinis e o eco saudoso das guitarras de Coimbra, pautaram, assim, a primeira noite da recepção ao caloiro deste ano. O silêncio do público foi “palavra de ordem”, facto que, na perspectiva de António Dinis, foi “magnífico, porque percebemos que, quem assiste, entende na íntegra a mensagem que se quer transmitir”.
Esta é a quinta vez que o grupo “Verdes anos” vem à Covilhã, tocar e cantar para todo o tipo de público, não só para os alunos da Universidade, “o que é perfeitamente compreensível, uma vez que o público mais jovem tem, aqui, oportunidade de relembrar as memórias mágicas do que é ser estudante, sentindo que ainda tem muito que aproveitar. Quanto aos mais velhos, de certa forma, tentam colocar-se no lugar os mais novos, imaginando tudo o que poderiam ter feito se os tempos fossem outros”.
Para este grupo, a Serenata é algo “mágico”. É uma representação artística com uma intencionalidade amorosa bastante forte, mas que, aplicada ao espírito académico, atinge os contornos de saudade e nostalgia. Foi em Coimbra que nasceram as primeiras “serenatas de rua”, em que cantores tão famosos como, por exemplo, Luís Góis, “saborearam este espírito e não mais desistiram dele”. Assim, por Coimbra ter sido o berço da serenata, a tradição manteve-se, mais uma vez, este ano, e o grupo mais representativo dos fados e guitarradas típicos de Coimbra, veio até nós.
António Dinis afirmou, ainda, que “este ano houve uma maior adesão do público, mas isso também não é muito importante. O importante é que os que cá estão, entendam o que nós queremos transmitir. O importante não é cá estar, mas sim sentir…”.
No final da Serenata, Nuno Costa, Presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), destacou a importância da tradição centenária que é a serenata, afirmando que é um espírito que “não se pode perder”. No entanto, acabado o espectáculo, “o importante é que esteja tudo operacional para que, a partir de agora, possamos dar à UBI uma das melhores recepções de sempre”.
As expectativas para a semana da recepção ao caloiro são, no entender de Nuno Costa, bastante elevadas mas, “não podemos sonhar muito alto. Esperamos simplesmente que as pessoas colaborem e se divirtam”.
Relativamente ao facto de este ser considerado, por muitos, um dos melhores cartazes dos últimos anos, apesar de a Associação não ter apoios para o suportar, Nuno Costa declara que “é um investimento que teve que ser feito. É um risco que teve que se correr. Com este cartaz espera-se que a associação sobreviva. É um cartaz caro, arrojado, e esperamos que corresponda às expectativas, que tudo corra pelo melhor”.