Foi aprovada em Conselho
de Ministros a nova Lei do Arrendamento Urbano que em
princípio entrará em vigor no início
do próximo ano. Ainda que seja um dever das Câmaras
Municipais fiscalizarem os imóveis serão
as Juntas de Freguesia as responsáveis pela emissão
dos Certificados de Habitabilidade. A segunda nova função
atribuída a estas entidades estatais é o
papel de mediadoras nos processos de actualização
das rendas entre senhorios e arrendatários. Apesar
das recentes responsabilidades institucionais atribuídas,
as juntas dizem não ter funcionários suficientes
para as cumprirem.
O modelo recentemente aprovado traz algumas novidades,
tanto em termos de deveres como direitos, para proprietários
e inquilinos. Uma delas é o próprio Certificado
de Habitalidade que comprova que o imóvel tem todas
as condições para ser habitado. É
este documento que também permite aos senhorios
aumentar a renda aos seus inquilinos, caso o contrato
de arrendamento tenha sido realizado antes de 1990. Mas
as vantagens do certificado aplicam-se igualmente aos
arrendatários, visto garantir que as casas onde
vivem têm as condições de habitação
requeridas pela lei. No caso dos edifícios degradados,
a renda não poderá subir sem que o seu dono
faça as obras necessárias para assegurar
o Certificado de Habitabilidade. Vítor Ferreira,
presidente da Junta de Freguesia de São Martinho,
concorda com esta revisão da lei "pois dinamiza
o mercado do arrendamento", mas avisa que esta questão
"tem de ser tratada com muito rigor". Todos
os "aspectos" do processo de averiguação
do imóvel e entrega deste documento "precisam
ser bem pensados", de forma a evitar "injustiças
e complicações", alerta. Já
António Rebordão, presidente da Junta de
Freguesia da Santa Maria, considera este "diploma
positivo", visto trazer medidas "muito satisfatórias"
para a população mais idosa, que representa
a maioria dos seus eleitores. Apesar das obras de requalificação
que estão em decurso na zona histórica,
são ainda três a quatro dezenas de edifícios
que necessitam de arranjos nesta parte da cidade da Covilhã.
Com a emissão dos Certificados de Habitabilidade
todos os contratos de arrendamento anteriores a 1990 serão
alvo de aumentos. Os locatários que tenham um rendimento
abaixo de três salários mínimos nacionais
(SMN) por mês poderão requerer do Governo
o subsídio de apoio para combater os aumentos das
rendas. António Rebordão classifica esta
ajuda económica de "óptima", visto
a maioria dos habitantes de Santa Maria viverem com baixos
rendimentos económicos, desconfiando até
que alguns "talvez não conseguirão
pagar os aumentos nas rendas sem um subsídio".
Também Vítor Ferreira manifesta-se a favor
desta medida, mas defende que este benefício deverá
ser directamente transferido para os proprietários.
E estende a questão também aos atestados
de pobreza passados pelas juntas, considerando que deveriam
ser passados baseados no que "se ostenta e não
apenas no total do rendimento do agregado familiar".
Segundo os autarcas, as
juntas de freguesia não têm capacidade
para aplicar a lei
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"Juntas não estão preparadas"
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Tanto Vítor Ferreira como Vítor Rebordão,
presidente da Junta de Freguesia de São Pedro,
concordam que as juntas não têm empregados
suficientes para fazer face às novas funções.
Vítor Rebordão vai mais longe ao comentar
que "nenhuma está preparada para isto".
Ainda que em termos de materiais não haja críticas
a fazer, as insuficiências baseiam-se nos recursos
humanos, pois "sem pessoas como é que vamos
passar os certificados ou fazer os levantamentos socio-económicos?",
pergunta-se. Com apenas "dois funcionários
de administração" para quatro juntas
é "difícil para cada uma fazer a sua
parte dos trabalhos", lamenta Vítor Ferreira.
Em São Martinho já estão a ser feitos
os estudos sociais e económicos necessários,
mas, refere o presidente, "com a ajuda de dois estudantes
universitários que conheço". Já
em Santa Maria alguns levantamentos estatísticos
foram realizados pela Câmara Municipal no âmbito
da requalificação da Zona Histórica.
Caso que não acontece em São Pedro, visto
"não ter pessoas para os fazer", afirma
o presidente. "Não temos funcionários
suficientes, nem com formação para isso
ou dinheiro para pagar a quem faça esses estudos
no terreno", sustenta Vítor Rebordão.
Sem recursos humanos para cumprirem todo o protocolo,
o problema afecta também o papel de mediadoras
das juntas no processo de negociação de
aumentos de renda entre senhorios e inquilinos.
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