Na Zona Histórica, as habitações
apresentam graves problemas
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Habitações
degradadas
Um dia a casa vem abaixo
As fendas nas paredes
tortas e os buracos por todo o lado fazem Maria do Rosário,
de 80 anos, recear que a todo o instante o pior aconteça.
Até agora não se quis mudar, mas em breve
vai fazer o mesmo que a vizinhança, sair desta
rua da Zona Histórica, por falta de condições.
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Ana Ribeiro
Rodrigues
NC / Urbi et Orbi
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Enquanto vai percorrendo
os cantos à casa Maria do Rosário Coelho,
80 anos, vai apontando as fragilidades que a residência
na Covilhã onde morou quase toda a vida apresenta.
Umas mais visíveis que outras, umas mais preocupantes
que outras.
Na cozinha, exígua, como no resto da casa, as fendas
enormes destacam-se nas paredes, num dos quartos as frestas,
por onde entrava água quando chovia antes de fazer
algumas melhorias, têm sacos de plástico no
seu interior. "Estou sempre com medo que isto caia
e eu fique cá dentro", diz a octagenária,
que mora numa casa na Rua 6 de Setembro que a autarquia
considera em risco de derrocada iminente, e por isso pretende
que saia o mais rapidamente possível dali.
No piso superior o cenário é ainda mais desolador.
Por trás de molduras penduradas na parede escondem-se
buracos. E à primeira tentativa para os mostrar soltam-se
de imediato pedaços de terra que cria mais pó
na sala. No seu quarto o tecto, que faz um enorme arco,
com frestas que permitiam a entrada de água quando
chovia, dá a sensação que vai ruir
a qualquer momento. E as paredes já há muito
que deixaram de ser direitas. À medida que vai apontando
estes grandes pormenores Maria do Rosário Coelho
sublinha que para além do receio de que um dia a
casa venha abaixo há outros problemas associados.
E fala no cuidado que tem em tapar buracos para evitar a
entrada de bichos no interior da casa e na degradação
a que os seus haveres acabam por estar sujeitos, por se
encontrarem ali dentro.
Maria do Rosário é mais uma das muitas pessoas
nesta situação. E naquela zona eram muitos
os casos até há bem pouco tempo. Entretanto
algumas casas já foram demolidas e a rua, agora,
está quase deserta e perdeu vida, lamenta. Já
que os vizinhos que ali moravam, em condições
semelhantes, foram-se mudando para habitações
camarárias. Os últimos partiram há
apenas dois meses, para as casas no Bairro da Biquinha.
E tinha também a possibilidade de se mudar para lá,
mas ao contrário dos vizinhos não o fez, apesar
de concordar que é inevitável sair da casa
onde mora desde que andava na escola primária.
"Dizem que isto é histórico, mas não
se pode viver aqui assim e por isso queria ao menos uma
casa onde possa estar com conforto. Mas mudar-me parte-me
o coração", refere, emocionada, com os
olhos cheios de lágrimas. Não quis ir para
a Biquinha porque as casas só têm um quarto
e custa-lhe não ter um sítio onde a filha
e os netos possam dormir quando a vêm visitar. Quanto
às casas de Vila do Carvalho, gostou do local e das
habitações, mas diz que não pode ir
para um sítio onde não tenha transportes à
porta, uma vez que os problemas de saúde não
lhe permitem deslocar-se com facilidade.
Agora, esta antiga serzideira aguarda que a autarquia lhe
disponibilize uma casa na Zona Histórica da cidade
para se poder mudar. E como o presidente da câmara
se comprometeu, há algumas semanas, na reunião
aberta ao público do executivo, espera que possa
voltar para esta zona novamente quando forem reabilitadas
casas propriedade da câmara no Centro Histórico. |
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