As luzes vão
diminuindo ao longo do cavernoso auditório.
E uma multidão de cinco mil cabeças
de olhos em bico (literalmente) aguarda no Tokyo
International Forum Hall, com alguma ansiedade,
o primeiro concerto do brasileiro em terras nipónicas.
João Gilberto chega sozinho e senta-se
no centro do palco com o seu violão. Está
70 minutos atrasado, mas 15 músicas e uma
hora e meia depois já ninguém se
lembra desse pormenor.
Os japoneses são, aliás, um povo
paciente e a espera nem de perto nem de longe
faz diminuir o entusiasmo ao longo do espectáculo.
“In Tokyo” não é apenas
mais um registo ao vivo. É a consagração
de Gilberto como um dos maiores músicos
de todos os tempos, com a vantagem de ainda estar
vivo. “In Tokyo” capta o ambiente
de reverência na perfeição,
e de repente parecemos transportados para aquele
auditório pelos acordes exóticos
do Violão de Gilberto.