Terminal do Aeroporto






 


 

 

 


de Steven Spielberg

Por Catarina Rodrigues

O mais recente filme de Steven Spielberg, conta a estranha história de Viktor Navorski (Tom Hanks), um cidadão de uma ex-república socialista de Leste, a Krakhozia, que vê o passaporte ser cancelado e o visto turístico invalidado, quando uma revolução no seu país provoca o corte das relações diplomáticas com os Estados Unidos da América. Quando desembarca no aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque, vê-se repentinamente sem pátria, com um passaporte inválido e por isso mesmo sem autorização para entrar no país. “Uma falha no sistema” digamos assim. Navorski começa a viver no próprio aeroporto e a organizar a sua vida ali mesmo, num espaço onde se cruzam as várias facetas da América e onde todas as raças se misturam.
Por mais estranho que possa parecer, “Terminal do Aeroporto” é baseado num caso real passado no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, com o iraniano Merhan Karim Nasseri, um exilado político após se ter manifestado contra o Xá do Irão nos anos 70. Em 1988, não consegue entrar em Londres por ter apenas uma fotocópia do passaporte e é expulso para Paris, local onde embarcara. Aí, sucedem-se uma série de absurdos burocráticos também aproveitados para o filme de Spielberg e tal como faz agora Navorski no filme, Merhan, na vida real, aprendeu a viver no aeroporto, entre pilotos, viajantes, hospedeiras, empregados de cafés e restaurantes. O mais curioso é que em 1999, quando a Bélgica se interessou pelo seu caso do iraniano e resolve dar-lhe um passaporte válido, Alfred já não quer sair do aeroporto porque afinal aquela era a sua casa. De facto não é apenas por factores políticos que estes casos, à partida surrealistas, acontecem. Também o Aeroporto de Lisboa acolhe várias pessoas que por coincidências do destino não têm para onde ir.
A personagem interpretada por Tom Hanks no filme de Spielberg, é apenas um entre tantos. Vive num labirinto existencial, sentindo-se sozinho entre os outros. Vê partidas e chegadas, mas ele permanece ali, observa o mundo que todos os dias se lhe apresenta e lembra com nostalgia a sua terra pensando, tal como diz o cartaz promocional do filme “Life is Waiting”.