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O Bloco de Esquerda refere que as condições deste novo bairro potenciam a exclusão social

O Bloco de Esquerda (BE) de Castelo Branco não concorda com a decisão do executivo municipal de realojar 20 famílias de etnia cigana no terreno da Sapateira, fora da cidade. Um mês depois da Assembleia Municipal ter aprovado a alteração do Plano Director Municipal - o que permitirá a construção dos 20 fogos de habitação social necessários - o BE acusa o presidente da autarquia, Joaquim Morão, de preferir "ficar para a história como o construtor do primeiro gueto suburbano do século XXI em Portugal". Para os bloquistas a decisão "de isolar" um conjunto de famílias com o argumento de que 'ninguém quer os ciganos à sua porta' constitui "uma perigosa cedência ao populismo, que se alimenta do medo e do preconceito".
Paula Nogueira, representante do partido, acusa o autarca socialista de "faltar à verdade quando diz que ninguém lhe apresentou alternativas", recordando que o BE promoveu dois debates sobre a matéria. "O presidente da Câmara ignorou deliberadamente todas essas opiniões. E porquê? Porque integrar populações desfavorecidas implica um trabalho invisível, ao contrário das rotundas e variantes, coragem política que a Câmara não quer ter, e, por último, não dá votos", afirma. Os bloquistas tecem críticas à condução deste processo, apontando a necessidade da autarquia dispor de meios humanos, como por exemplo, um gabinete de acção social, para acompanhar o realojamento e integração das famílias carenciadas. Esta força política, sem assento nos órgãos municipais, volta a afirmar que o edil albicastrense não está a contar toda a verdade quando diz que ninguém quer ciganos à porta. "Onde estão as 30 famílias que a autarquia diz já ter realojado em vários pontos da cidade? Sete sabemos nós estão ao pé do canil, num cenário indigno e que constitui já uma amostra do que nos espera na Sapateira", questiona Paula Nogueira. O BE refere ainda que esta opção da Câmara "contraria o próprio Governo central". O bloquista, Bruno Pereira cita a resposta do gabinete do ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação a um requerimento apresentado pelo deputado do BE, João Teixeira Lopes. Este documento dá conta das "reservas" expressas pela secretária de Estado da Habitação ao edil local quanto "ao realojamento concentrado de famílias, todas de etnia cigana, o que no seu entender não favorecia a integração social daquela população, bem como até poderia aumentar a sua exclusão". De acordo com a resposta ao requerimento, datada de 28 de Janeiro deste ano, o autarca concordou com a posição defendida pela governante "e transmitiu que iria proceder a alterações nos realojamentos previamente propostos". Contudo, face à decisão de concentrar as 20 famílias de etnia cigana num mesmo bairro, Paula Nogueira quer ver esclarecidas quais foram as modificações 'prometidas' pelo autarca. Os bloquistas afirma que irão informar a tutela de todo o processo e saber se "o Governo está disposto a ser cúmplice e a co-financiar um projecto de exclusão social", dado que as casas deverão ser edificadas ao abrigo do protocolo que a autarquia assinou com o Instituto Nacional de Habitação.