Novas apostas em vinhos brancos são as principais novidades deste ano na Adega da Covilhã

Adega da Covilhã
Vindimas já começaram

O futuro do vinho da Covilhã passa pelo aumento de qualidade. Conquistar maior cota de mercado nos brancos e continuar a política de tintos de excelência são também metas para os próximos tempos.


Por Eduardo Alves


Esta é a primeira vindima que Ângelo Jesus faz na Adega Cooperativa da Covilhã (ACC). Licenciado em enologia, descreve o exercício da sua profissão de forma comparativa com as ciências laboratoriais. Saber trabalhar um vinho, conferir-lhe personalidade através dos vários passos da produção, são resultados de experiências científicas feitas com “o néctar dos deuses”.
O enólogo que agora está responsável pela produção dos vinhos da Cooperativa da Covilhã mostra-se confiante com o resultado da vindima deste ano. A política da adega tem determinado regras que conduzem ao melhoramento dos produtos. Este ano “continuamos com a recepção das uvas separadas, isto é, dias marcados só para receber uvas brancas e outros só para uvas de tinto”, adianta o enólogo. Esta decisão, que segundo os responsáveis, “tem repercussões no produto final”, não é fácil de ser implementada pelas várias centenas de sócios. Uma medida que requer, por parte da adega e dos associados, “mudanças e investimentos”, sublinha Ângelo Jesus. Este cientista do vinho, explica que “durante a sua vida, um enólogo tem apenas 30 ou 40 oportunidades de experimentar novas formas de produzir vinhos”. Isto porque, “cada vindima pode ser encarada como uma nova experiência”, mas Ângelo Jesus acrescenta que, “se algo correr mal, há muita coisa em jogo”. Devido a todas estas condicionantes, os responsáveis pela ACC, têm vindo a implementar as modificações necessárias, “de forma gradual”.




Reconquistar mercados

As vinhas da Beira Interior, nomeadamente as que compõem o vinho da cooperativa, delimitadas pelos concelhos de Belmonte, Covilhã, Penamacor e Fundão, “são de boa qualidade”, confirma o enólogo responsável pela produção de vinhos. A este factor geográfico juntam-se também as condições climatéricas, “que este ano devem proporcionar vinhos mais aromáticos e frescos”.
Uma das grandes apostas do novo enólogo e “de toda a direcção”, reside nos vinhos brancos. A qualidade deste produto “com marca da Covilhã” já teve grande renome no mercado dos vinhos. Para a cooperativa, com as novas formas de produção de vinho e “baseado em conhecimentos adquiridos”, uma das principais apostas para este ano “passa por fabricar um vinho branco de qualidade”.
Em relação aos tintos, a Adega da Covilhã vai continuar a apostar na recepção de uvas separadas e sobretudo, “em vinhos produzidos a partir de castas monovarietais”. Estes produtos têm-se revelado os mais premiados. São também vinhos que “conquistaram o seu lugar no mercado através da colheitas de sócio ou vinhos específicos”, sublinham os membros dirigentes da cooperativa.

Vindimas até 6 de Outubro


Este ano, a aposta vai no sentido de vinhos frescos

Os associados da cooperativa começaram ontem, 13 de Setembro, a entregar as suas uvas na Adega da Covilhã. Os dois primeiros dias estão destinados a receber as uvas brancas e o tinto rufett. Esta escolha “é feita a pensar na produção separada” e na melhoria dos vinhos. Depois de um trabalho normal que consiste “na lavagem e manutenção das instalações e de toda a maquinaria que é utilizada na produção do vinho”, os responsáveis pela ACC decidiram-se por esta data. Até 6 de Outubro, os cerca de 800 associados vão entregar “as suas produções na nossa adega”.
Quanto aos vários vinhos que a adega tem no mercado, Ângelo Jesus adianta que se vão manter todos. O vinho kosher “Terras de Cabral” pode mesmo vir a ser produzido a partir de uvas brancas. Essa decisão cabe à União Ortodoxa, adianta o enólogo da Adega da Covilhã. As amostras recolhidas ao longo do ano e as cotizações feitas pela direcção da cooperativa “conferem boas perspectivas” para a produção de 2004.