O observatório da UBI é um projecto de investigação que vai servir de modelo a próximas iniciativas
Encontro Europeu
Universidade acolhe projectos têxteis

Vários consórcios europeus com projectos orientados para os sectores do têxtil e vestuário estão reunidos na UBI. O evento organizado pelo projecto EQUAL Re-Adapt e pelo SAFTA, tem como eixo principal os estudos e resultados conseguidos pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social do Concelho da Covilhã.


Por Eduardo Alves


A singularidade deste organismo confere-lhe destaque nacional e europeu. O Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social do Concelho da Covilhã, sediado na UBI é pioneiro neste tipo de estudo. Esta entidade local tem como objectivo a recolha de informação de carácter económico e social, monitorizar os dados obtidos e tecer leituras sobre os mesmos. De entre os principais passos dados, os responsáveis destacam “o desencadear de acções para atracção de investimentos e emprego, assim como, a leitura das necessidades futuras de mercado. José Ramos Pires Manso, professor no Departamento de Gestão e Economia da UBI é o principal orientador deste organismo.
Na Reunião Transnacional promovida pelo Programa EQUAL – E-Cooperation for Europe, sob o mote “projectos Europeus de Cooperação em Consórcio Orientados ao Sector Têxtil e Vestuário” Pires Manso explicou o papel que a UBI e o Observatório têm desempenhado na recuperação destes sectores que atravessam uma crise de mercado. A criação deste organismo na Covilhã serve também de experiência a futuros pólos de investigação orientados para os mesmos fins. O responsável adianta que esta unidade de investigação desenvolve trabalhos vai para dois anos “e o financiamento termina em breve”. Contudo mantém-se confiante na continuidade do Observatório. Durante o ciclo de conferências que decorre no anfiteatro 6.1, Pires Manso apresentou, para uma plateia de participantes composta por diversas individualidades nacionais, uma comitiva de investigadores ingleses vindos de Manchester, outros da Finlândia, Itália e de Espanha, a acções desenvolvidas pelo organismo que dirige.
Desde a elaboração de questionários mensais a trabalhadores e empresários, onde se desenha uma visão global do mercado e da sociedade, passando pela construção de um barómetro social e empresarial do concelho da Covilhã e terminando na organização de reuniões com todos os parceiros envolvidos na vida activa da comunidade.
Todas estas acções obtêm, por sua vez, uma forte repercussão junto das classes operárias e empresariais. Pires Manso adianta que para além dos estudos de carácter global que têm vindo a ser desenvolvidos pelo Observatório, o apoio às empresas é uma das formas mais eficazes de vencer crises. Isto porque, o estudo atempado das necessidades e dos comportamentos dos mercados permite obter uma antevisão do futuro. Este organismo sediado na UBI tem mantido a preocupação de indicar aos centros de formação tecnológica, as áreas de maior procura de mão de obra. No entender de Pires Manso, “um dos maiores benefícios do Observatório diz respeito à organização dos cursos tecnológicos mais necessários para a requalificação da mão de obra”. Medir o pulso ao mercado de trabalho e aos movimentos económicos e sociais através de inquéritos e outras recolhas de dados que são, posteriormente, analisados e estudados de forma a “conseguir obter as necessidades de mercado num futuro a médio e longo prazo”, explica Pires Manso. Para o docente, os trabalhos realizados pelo Observatório constituem um manancial de informação sobre o concelho e alguns sobre a região que é do interesse de todos.

Europa rendida aos têxteis

A abertura de fronteiras a novos mercados e o aparecimento de produtos a mais baixo preço têm sido dois factores que aumentam a crise no sector do vestuário. Tentar minorar o impacto social e económico desta mesma crise são objectivos do projecto Readapt - Rede para o Desenvolvimento Económico e Social do Concelho da Covilhã. Um organismo que realiza este encontro europeu de têxteis e vestuário conjuntamente com o Safta - Sistema de Auto-Formação e Treino para a Adaptabilidade. Incluindo mais de 15 parceiros, estas duas entidades têm realizado acções de formação e projectos que pretendem relançar os têxteis na região. A vinda de parceiros europeus à UBI vem no sentido de lhes mostrar o trabalho e as iniciativas realizadas a nível local com vista a solucionar a crise nas indústrias do vestuário. O Observatório, é para os responsáveis da Associação Nacional de Industriais dos Lanifícios (ANIL) a base de todo este projecto. Daí que as próximas iniciativas programadas para a indústria local passem pela produção de têxteis de alta qualidade com novos mercados. Têxteis esses que requerem maior capacidade técnica e científica.
Uma outra iniciativa apresentada no âmbito deste encontro foi também a criação de uma marca local, “Montneve”, que nasceu da parceria entre várias empresas e entidades e que pretende lançar alguns produtos regionais.