Ana Ribeiro Rodrigues
NC / Urbi et Orbi


Vários alunos do superior tentam ingressar na corporação de bombeiros para fugir ao pagamento de propinas

O valor das propinas teve um aumento substancial no ano passado e alguns estudantes universitários têm tentado entrar como voluntários para os bombeiros para ficarem isentos do seu pagamento. Mas normalmente não cumprem os requisitos necessários e acabam por não ser admitidos.
Segundo José Flávio, comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã, tem-se registado um aumento no número de pessoas que se oferecem como voluntários nos bombeiros, entre eles alguns estudantes do ensino superior. O acréscimo dos interessados que são estudantes verificou-se em Outubro do ano passado, quando teve início o curso de formação que terminou em Junho último, embora lhes tenham batido à porta alguns estudantes universitários durante o ano.
"Eles podem entrar desde que sejam residentes na Covilhã ou em algumas freguesias próximas e haja escolas (cursos) na altura que possam frequentar. Podem ficar como aspirantes", diz José Flávio, que acrescenta que normalmente a resposta acaba por ser negativa por não reunirem as condições que são exigidas.
O comandante sublinha que a sua corporação tem 70 serviços de voluntariado por dia e que isso não é compatível com três meses de ausência nos meses de Verão, por exemplo, que acaba por ser quando os bombeiros precisam de mais gente disponível. "É isso que lhes dizemos, que devido à efectividade que é preciso a nível dos serviços não é possível a sua admissão, e isto requer dedicação", frisa. Para além disso José Flávio realça ainda outro contra para os estudantes deslocados: "quando tinham a formação seria quando estava na altura de irem embora da Covilhã".
Neste momento estão inscritas "duas ou três" pessoas nestas circunstâncias, mas o comandante dos Bombeiros Voluntários da Covilhã salienta que são covilhanenses e não significa que por entrarem nesta altura signifique que a motivação é a isenção de propinas. Até mesmo porque não basta alguém ser voluntário para ficar isento. É necessário ser assíduo, frequentar os cursos de formação e ter a ficha de serviço preenchida.
Nuno Costa, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior, diz que desconhecia este maior interesse de alunos universitários entrarem para os bombeiros e salienta que não tem dados para comentar com rigor a situação. Mas entende que essa pretensão de alguns universitários quererem ser voluntários pode ser uma forma de aliar o útil ao agradável e acrescenta que desde que se cumpra realmente o serviço de voluntariado ambas as partes podem ficar a ganhar. Caso contrário o dirigente estudantil defende que "não se pode estar a enganar o sistema".
De qualquer forma Nuno Costa diz que de todas as formas é preocupante o aumento das propinas e uma das interpretações que podem ser feitas da situação é que há muita gente aflita e que não tem como pagar as propinas.