O calendário deste ano trouxe um início retardado aos caçadores

Época venatória
Caça abre com menos área interdita

Os primeiros tiros dados na região abrem uma época de caça com maior espaço disponível. Contudo, nem todas as armas apontama para o mesmo alvo e este tema continua a dividir opiniões entre os defensores do regime ordenado e regime livre


Ana Rodrigues Ribeiro
NC / Urbi et Orbi


O ano passado os incêndios florestais que devastaram o distrito levaram a que a época de caça abrisse com muitas restrições, para permitir a protecção e a recuperação das espécies nessas áreas. No distrito era proibido caçar em cinco concelhos e em várias freguesias de outros dois. Este ano a época venatória arrancou no último domingo, 22, com a caça à rola, pombos e patos, sem estes condicionalismos, mas alguns responsáveis queixam-se que o Verão passado deixou marcas e que se nota que há menos caça.
No regime livre os caçadores vêm a actividade bastante limitada, devido às imposições sobre as espécies migratórias, e nos últimos dias tem-se assistido a uma discussão motivada pelas diferentes datas para a caça em regime ordenado, que vai de 19 de Setembro a 31 de Dezembro, e não ordenado, de 3 de Outubro a 26 de Dezembro.
A portaria 553/2004 estabelece datas diferentes para a prática da actividade cinegética para o regime ordenado, em que as pessoas pagam para caçar, e o não ordenado, caracterizado por os caçadores procurarem terrenos em que não precisam de pagar. Para a Federação Nacional de Caçadores e Proprietários (FNCP) esta decisão é injusta e discriminatória, porque sublinha que os caçadores do regime ordenado podem continuar a caçar no regime não ordenado, beneficiando de mais dias no calendário venatório. E acusa o Ministério da Agricultura de querer "favorecer lobbies da caça".
Uma posição que não é partilhada pela Federação de Caça e Pesca da Beira Interior nem pelo Clube de Caça e Pesca da Covilhã (CCPC). André Cid, presidente do CCPC, diz que concorda com a portaria e que a tendência é para ordenar todo o território, como já acontece em alguns concelhos. "O terreno livre não tem razão de existir e essa é uma maneira de haver controlo, para que não se abata sem regra tudo o que mexe" , sublinha. E acrescenta que a Federação Nacional de Caçadores e Proprietários "tem os dias contados porque vai ficar sem espaço para poder existir". Para além disso frisa que no regime livre "os proprietários acabam por não ser donos da sua própria terra". André Cid rejeita a ideia que dessa forma a caça vai ser vista como uma actividade elitista e frisa que se está a caminhar para "ordenar as coisas".

Época começou mais tarde

Ao contrário do que é habitual a época venatória deste ano não abriu a 15 de Agosto mas uma semana mais tarde, por a Direcção Geral dos Recursos Florestais entender que ainda havia muitas rolas nos ninhos. E embora a proposta para a alteração da data tivesse sido aceite pela maioria das associações do sector a Associação de Caça e Pesca da Covilhã diz que foi um erro. Segundo André Cid, com a chuva e o tempo fresco as aves migraram mais cedo e isso prejudicou sobretudo os caçadores do norte, mas acrescenta que os daqui também notaram que havia menos rolas que uma semana antes.
E se no ano passado era totalmente proibido caçar em Oleiros, Sertã, Vila de Rei, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão e nos concelhos do Fundão e Castelo Branco havia restrições em algumas freguesias este ano os caçadores do regime livre também não têm a vida facilitada. Um condicionalismo imposto pelo edital que regula a caça às espécies migratórias de Verão em terreno não ordenado, que determina que não se pode caçar nos concelhos de Castelo Branco, Belmonte, Penamacor e Idanha-a-Nova. Nos restantes municípios as limitações também são algumas neste início de época venatória. É o caso da Covilhã e Fundão no caso da rola comum. A caça desta espécie é permitida entre 22 de Agosto e 26 de Setembro, mas nestes dois concelhos só é possível fazê-lo nos restolhos do ano de gramíneas, com área superior a um hectare.



Caça maior começa em Outubro

Entre Outubro e Fevereiro, a caça maior vai estar na mira dos amantes deste desporto

De acordo com o calendário venatório a maior parte da caça tem início em Outubro e o uso de determinados processos na caça menor, espécies migradoras ou parcialmente migradoras está limitada a locais e condições fixadas por edital.
A caça ao pombo começou no domingo e vai até dia 20 de Fevereiro. A da codorniz vai de 5 de Setembro a 28 de Novembro, os patos, galeirão comum e galinha de água até 16 de Janeiro e as narcejas até 13 de Fevereiro. A 3 de Outubro abre a caça à galinhola, que vai até 20 de Fevereiro, e à tarambola dourada, que termina a 23 de Janeiro, assim como à raposa e aos saca-rabos, até 27 de Fevereiro. Também a 3 de Outubro e até ao final do ano começa a caça à perdiz vermelha e faisão. A vez do coelho bravo e das lebres chega a19 de Setembro e vai também até 31 de Dezembro. Os tordos e o estorninho malhado pode ser apanhado de 31 de Outubro a 20 de Fevereiro.
Relativamente à caça maior, ao javali, veado, gamo e muflão, nos terrenos ordenados, os caçadores podem sair de arma em punho entre Outubro e Fevereiro. No regime livre este tipo de caça só pode ser feita em determinadas circunstâncias. No caso do javali os casos estão estipulados em edital, nos outros é necessária autorização do ministério da tutela.