Por Eduardo Alves



Os alunos de quarto ano da licenciatura em medicina vão ser os primeiros a estarem em contacto com todo o processo

Para os estudantes do quarto ano de Medicina, o Hospital Pêro da Covilhã, tem uma pequena surpresa. Um método que, “não sendo novo em outras unidades hospitalares de Portugal e da Europa, começa agora a ser utilizado aqui”, explica o clínico espanhol, Jorge Martínez. Todo o equipamento que permite este procedimento médico, encontra-se no hospital. Mas, devido à falta de médicos especializados no seu manuseamento, “ainda não tinha sido utilizado”, continua Martinéz. Este médico, sublinha assim a importância “que os alunos de medicina representam”. Isto porque, os estudantes do quarto ano de Medicina “vão agora ter disciplinas relacionadas com os processos que envolvem a recolha de sangue e a sua utilização”, adianta o responsável. Daí que “ao estarem presentes e aprenderem estes métodos, garante-se uma continuidade de clínicos nesta especialidade”, prevê Jorge Martinéz.


Para os responsáveis, este método é sinal de melhoria nos cuidados médicos prestados na região



Medicina garante melhorias no Interior

Veio da vizinha Espanha, este médico que agora mexe com o “sangue dos portugueses”. Refere que no seu país não se verifica a falta de clínicos, “como em Portugal”. O problema é que os médicos, em terras de Cervantes, “não têm um lugar fixo”. Se um ano ficam no norte do país, “no ano a seguir podem ser destacados para outro lugar, complemente diferente”.
Foi através de um colega que já trabalhava no Hospital da Covilhã, que Jorge Martinéz descobriu “a segurança de um emprego”. A simpatia das pessoas, a qualidades do profissionais “de todo o pessoal”, bem como, as instalações e equipamentos, “merecem os maiores destaques”, continua. Mas, para Martinéz, o que vai mudar a face “de uma região ainda longe dos grandes centros”, é a Faculdade de Medicina. A começar pelo seu sector de trabalho, mais propriamente no exemplo do “sistema de plaquetaférese”, que agora está a funcionar no Pêro da Covilhã.
A aposta em novos profissionais, “que aprendam a sua profissão aqui”, vai, segundo o médico espanhol, “garantir a sua continuidade nesta região, o que significa mais e melhores áreas de assistência médica”.

Separação de sangue em componentes fundamentais

Esta técnica, agora utilizada, é inovadora na recolha de sangue

A técnica agora introduzida no Hospital Pêro da Covilhã é “bastante inovadora”, adiantam os responsáveis. Trata-se de uma recolha de sangue que decorre, “quase como uma dádiva normal”. A inovação que esta técnica permite, está no facto de os três principais componentes do sangue – glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma – serem separados “de forma imediata”.
Daí que “o médico passe a dispor do componente que deseja”, explica Jorge Martinéz. Segundo este responsável, a separação do sangue, por este processo, tem como principal objectivo “conseguir uma quantidade razoável de plaquetas”. Esta substância, vital para o ser humano, tem várias utilizações nos serviços médicos. Desde a utilização em intervenções cirúrgicas, bem como, “em pessoas que apresentam níveis baixos desta substância e têm alguma dificuldade em conter hemorragias”, a aplicação das plaquetas “é muito vasta”.
Até aqui, o hospital, “sempre que existia essa necessidade”, tinha de recorrer ao Instituto Português do Sangue (IPS), em Coimbra. Uma viatura do Pêro da Covilhã deslocava-se à cidade dos estudantes para trazer os lotes de plaquetas “necessários ao hospital”, descreve o médico espanhol. Esta substância sanguínea apresenta períodos de validade “relativamente baixos”, cerca de quatro a cinco dias. Daí que o seu armazenamento e utilização estejam “muito limitados”. Com esta máquina, a região pode agora ser servida através dos seus dadores habituais.



Os técnicos de Saúde apelam para os cidadãos contribuirem como dadores de sangue



Mais pessoas a dar sangue


Um dos problemas que subsistem, mesmo com a implementação de novas técnicas, “é o número de dadores”, adianta Jorge Martinéz. Pelas contas deste clínico, na região, faltam ainda um grande número de dadores para que os lotes necessários sejam garantidos. Daí que o apelo vá no sentido “de trazer mais pessoas a dar sangue”.
Para os próximos tempos estão previstas diversas acções de sensibilização, desde campanhas nos órgãos de comunicação social, até recolhas de sangue entre o pessoal do Pêro da Covilhã. Para Jorge Martinéz, “dar sangue é uma acção nobre, mas ainda não está bem presente no espírito de todos”.
A colaboração do Núcleo de Dadores “é bastante digna”, mas agora, os responsáveis pelo serviço de sangue tendem a expandir para outros campos. Criar novos grupos de dadores e encontrar formas de “trazer pessoas regularmente a este serviço”, são as próximas acções. Para quem está a pensar em dar sangue, o serviço do Hospital Pêro da Covilhã funciona de segunda a sexta, das 9 às 12 horas e de segunda a quinta também durante a tarde, entre as 14 e as 17 horas. Para quem preferir os sábados, este serviço também recolhe sangue, entre as 9 e as 12 horas.