Hell, aliás
DJ Hell, aliás Helmut Geler, é quase
um mito da música electrónica, na
linha de François Kevorkian. Mas se este
é um veterano da dance music – com
um registo histórico que remonta a meados
dos anos 70 -, Hell não lhe fica atrás:
nos anos 80 e 90 foi ganhando uma tarimba impressionante
enquanto produtor. E no começo do milénio
foi dado como o pai do electroklash.
Neste “NY Muscle” reclama a paternidade
e em simultâneo a herança. A batida
é dura, por vezes negra e básica,
mas seduz momento após momento, incutindo
um sentido industrial-punk em algumas sessões.
Destaque ainda para as colaborações:
Alan Vaga (Suicide), James Murphy (DFA), Billy
RaY Martin e Erlend Oye (Kings Of Convenience).
E é afinal esta linha de convidados que
permite passar das acelerações cardio-vasculares
dos Front 242 para os cenários do cabaret,
de seguida embebidos pelo punk, o funk, o techno
e o ambient.
Denso, “NY Muscle” é exigente
para quem o escuta, ficando para lá da
percepção da música de dança.
Com todas as vantagens e desvantagens que daí
advêm. A experiência com o disco diz-nos
que os prós são muito mais do que
os contras.