Mil euros é quanto
gastam, em média, os turistas portugueses na compra
do pacote de viagens para as suas férias. Os operadores
ligados a este ramo comercial mostram-se bastante surpreendidos.
Um inquérito realizado junto das delegações
das grandes agências de viagem na Covilhã,
revela que as viagem mais caras são as mais procuradas.
As praias do nordeste brasileiro encabeçam uma extensa
lista de destinos em lugares de sol e mar. Com passagens
de avião, alojamento durante uma semana e um regime
de meia-pensão, o pacote normal ronda os mil euros.
Isto para duas pessoas, explica Celina Curto responsável
por uma agência de viagens na Covilhã. Nos
últimos tempos, o Brasil parece estar “novamente
a ser descoberto pelos portugueses”, acrescenta a
mesma fonte. Um país que tem como principal atracção
as praias e o mar. Contudo, os representantes dos operadores
turísticos reconhecem que o investimento feito em
terras de Vera Cruz, “tem sido louvável”.
Jerónimo Ferreira, gerente da delegação
covilhanense de uma agência de viagens e turismo dá
como exemplo os voos específicos para a Bahia e Fortaleza,
no Brasil. Voos que têm nesta época de Verão
um desdobramento, devido ao grande fluxo de turistas.
A forte aposta neste tipo de iniciativas tem dado frutos.
Para além das viagens e alojamentos, os pacotes de
viagens prevêem actividades várias e deslocações
aos locais mais conhecidos da região. Um vasto leque
de ofertas combinado num só produto. Este tipo de
solução “está a ser o remédio
para o sector”, avança Jerónimo Ferreira.
“O segredo do sucesso está, sem dúvida,
nos pacotes de viagens”, desvenda Celina Curto, ao
que acrescenta o facto “das pessoas se decidirem mais
facilmente por este tipo de férias, com tudo incluído,
do que por uma semana em Portugal, onde só o hotel
está pago”. Daí que os preços
altos não assustem os consumidores. Antes pelo contrário,
“as viagens mais caras são as mais procuradas”,
sublinha a responsável.
Espanha e Cuba em grande
No roteiro de férias das gentes da Beira, nem
só o Brasil é muito requisitado. Espanha
e Cuba são também países com grande
procura. Em patamar semelhante fica também o México.
Para além de certas paragens “serem uma moda”,
o facto destes povos falarem o português ou o espanhol
“também tem influenciado”, lembra.
Muitos turistas preferem destinos onde a comunicação
“seja facilitada”. Praias, mar, sol e uma
vasta listas de entretenimentos e actividades associadas
ao pacote de férias são os ingredientes
da receita que está a lançar o mercado turístico.
Unidades hoteleiras da região com registos
positivos
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No respeitante à serra da Estrela, os agentes
hoteleiros registam um aumento de turistas
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Com a praia e o mar a merecerem a preferência dos
portugueses, a Serra da Estrela continua, ainda assim,
a cativar bastantes turistas. As taxas de ocupação
dos principais hotéis da região apresentam
valores acima do habitual para a época e os responsáveis
confiam na recuperação do sector.
A montanha, como destino de férias dos portugueses,
“não goza de tanta preferência como
a praia”, confessa a responsável por um complexo
de turismo rural. Daí que o Verão não
seja a melhor época para o sector turístico
da região. Ainda assim, os maiores hotéis
da região apresentam melhores resultados do que
“em anos transactos”, confessa Ana Bárbara,
responsável pelas relações públicas
de um grupo de hotéis da cidade covilhanense.
Os números que revelam as taxas de ocupação
de Agosto, “mostram percentagens mais elevadas do
que em igual período do ano passado”. Um
crescimento que se deve, sobretudo, “a algumas actividades
nesta região que têm encaminhado um maior
número de visitantes para a região”.
A aposta em acções de divulgação,
como a Volta a Portugal, festivais e feiras económicas
de Verão, “são apenas algumas hipóteses
para chamar mais pessoas”, clarifica Abel Sousa,
gerente de uma unidade hoteleira da região Centro.
Com uma capacidade hoteleira, “que serve para a
região”, a Estrela goza de potencialidades
“que não estão, ainda, devidamente
exploradas”, sublinha Ana Bárbara. Num sector
“cada vez mais competitivo”, as regiões
de turismo, as entidades oficiais e os principais grupos
económicos “devem apostar em programas e
divulgações que tornem a serra um pólo
de atracção de turistas ao longo de todo
o ano”, acrescenta Abel Sousa. Para já, “a
crise parece estar de saída”, e as portas
começam a abrir-se “a um maior número
de turistas”, explica, com satisfação,
Ana Bárbara. A responsável pelas relações
públicas de três unidades hoteleiras espera
que a aposta nos destinos de montanha seja feita “de
forma a ter aqui turistas durante todo o ano”, e
não só nas épocas do Natal, Carnaval
e Páscoa.
O turismo rural tem conhecido
um decréscimo de clientes nos últimos
tempos
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Turismo rural continua em crise
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Uma antiga exploração agrícola deu
lugar um dos primeiros projectos desta natureza na corda
da Estrela. Uma suite, vários quartos e a natureza
a servir de palco para os clientes desta casa de turismo
rural. Com a crise a pairar sobre as viagens e férias,
“este tipo de produtos são os que menos vendem”,
salienta Fátima Belo.
No entender da responsável, o sector do turismo
rural “está em decréscimo há
mais de cinco anos”. Nos últimos tempos,
com a redução dos custos das estadias nos
hotéis, “as pessoas passaram a procurar mais
essas instalações”. A salvação
para este tipo de serviço, passa por “oferecer
outros tipos de produtos que não apenas a estadia
e pouco mais”, sublinha a responsável. Estar
perto da natureza “pode ser um atractivo, mas não
chega”, para Fátima Belo, “é
preciso desenvolver uma série de outras actividades,
como passeios pela região, contacto com ambiente
diferentes, entre outras coisas".
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