A indústria têxtil asiática, vai ser investigada pela OMC
Sector Têxtil
Exportações chinesas
vão ser investigadas


A reivindicação de mais de 50 países que se consideram prejudicados, como Portugal, vai ser atendida. A Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu investigar se países como a China ou a Índia cumprem ou não as normas internacionais e de livre concorrência.


NC / Urbi et Orbi


CA Organização Mundial do Comércio (OMC) decidiu na semana passada investigar as exportações chinesas na área têxtil e do vestuário na última reunião extraordinária deste organismo, onde se abordou a liberalização das quotas desse tipo de artigos. Uma decisão que deixou satisfeita a Federação da Indústria Têxtil e do Vestuário de Portugal (FITVP), já que esta era uma reivindicação de há muito. Não só de Portugal como de mais de 50 países que assinaram a Declaração de Istambul e acusam a China de não praticar um comércio justo, livre e de não cumprir as regras estabelecidas pela OMC.
A inspecção vai ficar a cargo do Concelho para o Comércio de Mecadorias e vai incidir não só na China como em outros países acusados pelos signatários da Declaração de Istambul de não praticarem medidas de "sã concorrência", como é o caso também da Índia ou do Paquistão. Por isso este conjunto de países entende que, devido ao que se passa com os incumpridores, o prazo para a abolição total das taxas alfandegárias para os produtos têxteis e de vestuário entre os Estados que fazem parte da OMC, que está prevista para Janeiro de 2005, seja prorrogado por mais três anos. Um período de tempo que seria para dar tempo à Comunidade Europeia e à OMC para criarem as medidas necessárias para um "comércio leal".



Primeiro passo

Para os responsáveis por este sector, o passo dado pela OMC foi "um grande incentivo"

Para José Robalo, presidente da FITVP e também da Associação Nacinal dos Industriais de Lanifícios (ANIL), que integra essa entidade, a decisão de investigar os procedimentos de países como a China "é um primeiro passo". A primeira reunião do Concelho para o Comércio de Mercadorias é em Outubro e José Robalo acredita que estas diligências vão ter resultados práticos. Este responsável sublinha ainda que com esta atitude a OMC vai fazer aquilo para que a FITVP apelava, "passa a ter um papel controlador, tem que verificar as regras", salienta.
A China entrou para a Organização Mundial do Comércio há três anos e, segundo José Robalo, "aproveitou-se de os mercados se estarem a abrir sem se obrigarem a nada, sem reciprocidade, e sem competirem com as mesmas armas". Este responsável frisa que qualquer decisão tem de ser tomada até Dezembro, altura para que está prevista a eliminação do regime de quotas, mas o presidente da FITVP está confiante num resultado favorável, porque entende que não é razoável que se abram totalmente as fronteiras a países que continuam completamente fechados ao exterior.
José Robalo defende que a resolução dos problemas para os quais têm vindo a chamar a atenção e que põem em risco a viabilidade do sector nos países cumpridores "é uma questão de elementar justiça". E acrescenta que a OMC tem mecanismos que pode accionar e que podem penalizar de alguma forma esses países. Nessa medida, acredita que alguma coisa vai ser conseguida, já que acredita que esta entidade vai detectar irregularidades e essas novas potências do sector, como acontece com a China, por certo não vão querer que a OMC lhes aplique sanções.
A FITVP está sediada em Guimarães e reúne três associações do sector, a Anil, a Associação Nacional das Indústrias de Têxteis-Lar (ANIT-LAR) e a Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (ANIVEC/APIV).