NC / Urbi et Orbi



A Parq C vai tarifar mais 30 lugares, contrariando a promessa de Carlos Pinto

"Não será criado um único lugar tarifado de superfície para além dos que já existem". A garantia era dada pelo presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Carlos Pinto, no início do ano. Mas na semana passada os residentes e trabalhadores na zona do Largo de Infantaria XXI, junto ao Jardim Público, e da Avenida Frei Heitor Pinto foram surpreendidos com a colocação de parquímetros nesses locais, até agora de estacionamento livre.
Foram cerca de 30 os novos lugares tarifados pela Parc C, concessionária das Zonas de Estacionamento Tarifado (ZET) na cidade. A empresa explora ainda os silos-auto do Pelourinho e, mais recentemente, do Sporting, num total superior a 600 lugares subterrâneos. Com os novos lugares tarifados a Parc C aumenta para cerca de 160 os estacionamentos à superfície. Um número que deverá aumentar, uma vez que os responsáveis pela empresa lembram que foram 177 os lugares concessionados, embora no contrato não constasse a sua localização. Segundo José Santa Clara, director da Parc C, os novos lugares a tarifar foram indicados pela autarquia, e a empresa concordou. Quanto aos que ainda falta instalar, para totalizar o número de lugares contratualizados, José Santa Clara adianta que vão ficar abaixo do mercado, para os lados da área que agora anda em obras.

"Câmara vendeu espaço dos cidadãos"

Os moradores e utilizadores dos lugares que foram recentemente tarifados dizem que se sentem enganados pelo presidente da autarquia, tendo em conta as promessas feitas, e dizem que vão agir, possivelmente com um abaixo-assinado que será entregue na Câmara, em protesto.
"A Câmara da Covilhã vendeu o espaço dos cidadãos à Parc C e agora quer que a gente pague as asneiras deles", sublinha Maria Isabel Almeida, com o assentimento dos vizinhos que se foram juntando ao verem o NC no local. "Ele está a fazer o contrário daquilo que disse. Deve ser mais uma forma de obrigar as pessoas a ir para o silo", continuam. Maria do Céu Correia, é residente perto do Largo de Infantaria e tem também ali o seu estabalecimento comercial. Na sua opinião a requalificação do largo, ao tirar grande parte dos lugares para estacionar, diminuiu o movimento ali e fez daquele local "uma zona morta". "Agora vai ser muito pior. Já tive clientes que me disseram que têm gosto em vir cá, mas para vir aqui almoçar ou beber café e terem que pagar o estacionamento durante essa hora no fim do mês faz mossa, vão deixar de vir", lamenta. "O que é certo é que no fim do ano pagamos a mesma contribuição que os que têm estacionamento à porta, mas parece que não se lembram disso", acrescenta.


Os moradores que estão obrigados a pagar estacionamento queixam-se dos tarifários elevados



Fica caro ao fim do mês

Maria Isabel Almeida, que trabalha e mora no largo há 42 anos, diz que "não há reformas nem ordenados compatíveis com o pagamento do estacionamento" durante um mês inteiro, já que têm ali sempre as viaturas. Uma situação que também preocupa Maria do Céu Correia. "Hoje ainda não ganhei para as moedas que lá meti", sublinha, uma vez que já começa a notar a diferença no número de clientes.
Os residentes têm direito a um comprovativo da sua condição que lhes traz alguns benefícios. Têm direito a duas horas gratuitas de manhã, duas à hora de almoço e duas ao fim da tarde, mediante o pagamento de dois euros à Parc C pelo Cartão de Residente. Para Maria Isabel Almeida, que tinha acabado de vir da Câmara e da Parc C para reclamar, esta era outra das preocupações, já que o seu agregado tem dois carros e só queriam atribuir um Cartão de residente por habitação. Um problema que está ultrapassado. José Santa Clara diz que os funcionários da empresa na Covilhã não tinham a indicação correcta e foi por isso que se criou o mal entendido. E frisa que desde que o carro esteja registado no nome da pessoa que prove ali residir não há limitação de automóveis por agregado.
Para além das implicações que os residentes e comerciantes da zona dizem que esta alteração vai ter realçam ainda o incómodo que é ter que andar a toda a hora a tirar o carro. Carmen, que mora e tem um salão de cabeleireiro nas imediações, frisa que não tem carta e com os problemas de saúde do marido é complicado estar a mudar o carro sempre que termina o horário concedido a residentes. "Ou estou sempre a meter moedas hora a hora ou tenho que fechar a porta ou deixar aqui os clientes para ir à procura de lugar para o carro, não faz sentido", salienta também Isabel Almeida.
Novos lugares em vez do silo do mercado
José Santa Clara diz que se as pessoas tiverem reclamações a fazer devem fazê-las na Câmara, já que a empresa se limita a cumprir as regras que constam no Regulamento Geral Municipal, feito pela autarquia. E sublinha que as normas para o Cartão de Residente já eram as mesmas antes de a Parc C tomar conta do estacionamento tarifado na Covilhã.
O director da empresa, com sede em Braga, refere ainda que não se estão a criar mais lugares pagos, pois 177 eram os que existiam na altura em que a Câmara fez o acordo com a Parc C, em 2000. Mas explica que isso já incluía os 37 lugares do parque do mercado e outros que entretanto deixaram de existir, como é o caso dos da Rua Direita e os que estão junto aos CTT, que deixaram de ser tarifados. "A Câmara da Covilhã entendeu que em vez de incluir os do mercado deveria trocá-los pelos de outros locais", esclarece.
O presidente da autarquia, Carlos Pinto, escusou-se a falar no assunto e disse que "esse é um assunto encerrado".



Por enquanto, os veículos sem tiket não são altuados



Viaturas sem tiket são advertidas com aviso no vidro


DDesde terça-feira, 31, que funcionários da Parc C circulam pelas novas zonas tarifadas e colocam pequenos papéis no vidro dos carros onde avisam que estão em infração e devem obter no parquímetro o respectivo título.
Os visados, na maioria residentes que costumam ali estacionar, dizem que os referidos funcionários não prestam qualquer esclarecimento quando solicitados e dizem que o que lhe foi dito por um deles foi que iam juntar os avisos e depois enviá-los para a PSP, para esta actuar. Uma informação que estranharam e os deixou revoltados, uma vez que não lhes reconhecem autoridade para tal.
Segundo o director da Parc C, José Santa Clara, as pessoas têm a obrigação de cumprir a lei, no caso, o código da estrada, e os avisos servem para alertar as pessoas que estão em transgressão. Este responsável não é claro na resposta ao que é que as pessoas que receberam os avisos podem esperar, mas adianta que vai ser feito "o registo na Parc C que permite depois identificar se há quem sistemáticamente faça questão em estacionar de forma irregular ou se é uma falta eventual".