Dulce Pinheiro diz que o processo para a colocação de professores está a registar um "atraso recorde"

Atraso nas colocações
Sindicato dos Professores receia que escolas do Interior possam ser as mais prejudicadass

A coordenadora distrital do Sindicato dos Professores da Região Centro, Dulce Pinheiro, teme que por as escolas da zona terem menos gente no quadro e mais horários para preencher vejam a preparação do ano lectivo mais comprometida devido aos atrasos dos concursos de professores.


NC / Urbi et Orbi


As escolas do Interior, onde há menos densidade populacional, os quadros das escolas têm menos gente, há maior flutuação de professores e possivelmente há um maior número de horários para preencher devem ser as mais prejudicadas, nomeadamente no planeamento do ano lectivo, que costuma ser feito nas duas primeiras semanas de Setembro, devido aos atrasos que se estão a verificar na colocação de professores. Esta é uma das preocupações de Dulce Pinheiro, coordenadora da delegação de Castelo Branco do Sindicato dos Professores da Região Centro.
Esta responsável salienta o "atraso recorde" na divulgação dos resultados e a "situação ímpar" que se criou. Recorde-se que a primeira lista, de 3 de Maio, continha inúmeras irregularidades, com atropelos aos direitos dos professores, e a segunda, divulgada em Junho, tinha também erros, cerca de 14 mil. Casos de professores com muitos anos de serviço que ficavam de fora, anos de serviço mal contados ou graus académicos incorrectos, entre outras situações afins. Para dar ideia da forma atípica como tudo tem decorrido, Dulce Pinheiro lembra que no concurso para 2002/2003 foram 1500 as reclamações recebidas e no ano passado três mil.
A legislação relativa aos concursos de professores sofreu alterações e o concurso, que era para ter sido em Janeiro, começou apenas em Março. "Já vai com cerca de três meses de atraso. Isto é a expressão da máxima irresponsabilidade do Governo", salienta Dulce Pinheiro, para quem a abertura do ano lectivo já está hipotecada.
A nova lista de colocação de professores, que já será definitiva, sai, segundo o Ministério da Educação, na primeira quinzena deste mês, prazo que termina este fim-de-semana. E aí as reclamações terão que ser feitas directamente ao ministro da Educação, por requerimento. Só depois das listas dos concursos internos é que saem as dos professores que estão noutras situações, até 5 de Setembro. Segundo a sindicalista, "face à situação criada está complicado acreditar que os prazos vão ser conseguidos".
Para além disso Dulce Pinheiro sublinha que o actual cenário "vai criar problemas em centenas de famílias". "Os professores estão numa insegurança muito grande porque não podem planear a sua vida pessoal e profissional", realça.



Sindicatos contra situações pouco claras

Depois das pressões sindicais os prazos foram revistos

Na última semana a ministra da Educação, Maria do Carmo Seabra, anunciou o prolongamento do prazo para a abertura das escolas, de 16, como estava inicialmente previsto, para 23 de Setembro. Uma decisão tomada depois da pressão dos sindicatos, que queriam que as escolas começassem a funcionar normalmente quando houvesse condições para tal.
Dulce Pinheiro entende que "a partir do momento em que a lei diz que as aulas devem começar a 16 de Setembro é esse o limite razoável para que começem", mas acrescenta que a posição do Sindicato dos Professores da Região Centro é que os estabelecimentos de ensino abrissem justamente quando estivesse tudo pronto.
Contrariamente ao que acontecia nos anos anteriores, quando havia mini-concursos, o sindicato tem dificuldade em adiantar dados regionais, porque o processo decorre a nível central. Por isso diz que é muito complicado falar n o número de reclamações provenientes da região ou quantos são os professores excluídos das duas listas provisórias apresentadas.
Esta professora espera que os seus receios, de que escolas na região, que têm um quadro mais reduzido e mais horários para preencher, venham a ser as mais prejudicadas, não se verifique. E aguarda para ver no que dá a alteração do regime dos concursos por parte do Governo, que na sua opinião peca mais pelo que não fez do que pelo que fez.