Bombons Chineses

 

 



Mian Mian





 






Algumas histórias fazem lembrar certas tardes chuvosas de Verão. Quando parece que os céus enlouquecem, depois de tantos e tantos dias de calor tórrido, deitam sobre a terra, um imenso mar de água. Páginas frias como gelo, que parecem não ter sido escritas por mão humana, contudo, transparecem uma cortante realidade.
Bombons chineses, já se vê, também é um desse livro. Um paradoxo total, a começar pelo título. Pois este manual das civilizações não é nada doce, como devem ser os bombons. Antes pelo contrário. O relato da vida de uma adolescente na China actual dá consistência a esta história. A descrição pormenorizada do devaneio e desnorteamento geral da juventude chinesa, toma rosto em Xiao Hong.
Séculos e séculos de cultura fechada ao resto do mundo, resultou numa transição brusca, como um salto do Verão para o Inverno, sem passagem pela estação do Outono. Que está a acontecer com a juventude chinesa? Que desejos, que ansiedades, que ilusões vivem os jovens da grandes metrópoles chinesas? Que é feito da China tradicional? E como é a China moderna? Algumas das muitas interrogações que assaltam o leitor ao longo da obra. Um relato verídico e cruel de uma sociedade imperfeita, como todas, na realidade, mas que pretende transparecer exactidão para as suas congéneres Um livro sobre os caminhos cruzados de uma adolescência perdida entre a herança do passado e a euforia incerta do futuro.