O impacto visual seria diminuído
com a medida avançada pelos moradores
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Aldeia de Montanha
Moradores querem revistir
casas de zinco
nas Penhas com granito e madeira
A sugestão
dos proprietários aponta para o revestimento das
casas de zinco, nas Penhas da Saúde, com madeira
e granito. Mas a proposta não agrada ao vereador
João Esgalhado, que considera que as intervenções
ali teriam de ser mais profundas.
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Por Ana Rodrigues
Ribeiro
NC / Urbi et Orbi
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Os proprietários
das construções em zinco nas Penhas da Saúde
apresentaram à Câmara da Covilhã uma
solução para resolver o problema do impacto
paisagístico no local. A proposta passa pelo revestimento
do exterior em granito. Mas o vereador com o pelouro do
urbanismo, João Esgalhado, considera que em alguns
dos casos o resultado é de qualidade e gosto duvidosos
e sublinha que a reconversão que tem de ser ali feita
exige outro tipo de intervenções.
Os representantes dos proprietários das 98 construções
do bairro reconhecem que é necessário resolver
o impacto visual que se verifica naquela encosta na Serra
da Estrela e avançam com esta sugestão "para
dar continuidade à Aldeia de Montanha" que está
ali a nascer. A ideia é dar outro aspecto ao bairro
PenhasSol com um material característico da própria
Serra, o granito.
No entanto, a situação parece continuar num
impasse. Em resposta enviada aos moradores, João
Esgalhado lembra que as construções estão
na zona da Rede Natura 2000, que é um espaço
classificado como Reserva Ecológica Nacional e que
qualquer autorização terá que ser dada
pelo Instituto de Conservação da Natureza
(ICN), que está sobre a alçada do Ministério
do Ambiente. O vereador acrescenta que por estes motivos
estão impedidas "intervenções
urbanísticas ou de construção"
na área.
A direcção da PenhasSol, entidade que representa
os proprietários, contesta estas observações.
Os responsáveis frisam que quando aqueles terrenos
passaram a integrar a Rede Natura já eles tinham
ali as construções há muitos anos,
com os terrenos legalizados e em seu nome desde que em 1996
foram desanexados dos baldios. E sublinham que quando se
criou a Rede Natura 2000 devia ter havido a preocupação
de delimitar a zona ocupada pelo bairro.
Sair do bairro, "não"
Os proprietários das casas frisam também que
estão descontentes com o facto de não poderem
fazer qualquer tipo de melhoria se o quiserem, por isso
pedem à autarquia que, conjuntamente, encontre uma
forma de resolver a situação. A disponibilidade
para alterar o revestimento exterior, incluindo o telhado,
e o reduto envolvente, dizem , é comum a todos. Quanto
a outras exigências que possam ser feitas dizem que
as construções, assim como o bairro, não
tem condições inferiores a muitas habitações
dentro de muitas localidades e mesmo na Covilhã.
E sublinham que se trata de um espaço onde passam
as férias e os fins-de-semana e que a maior parte
tem casa de banho completa, têm àgua da rede,
electricidade e até telefone. Embora adiantem que
não têm licença de habitabilidade.
No entanto, João Esgalhado, na carta enviada aos
responsáveis da PenhasSol, sublinha que a intenção
do ICN é a relocalização das construções
e que pretende promover a renaturalização
daquela área. Nesse sentido, a Câmara chegou
a sugerir em Janeiro último a troca das construções
em zinco por apartamentos que serão construídos
junto à piscina. As pessoas ficariam com direito
ao uso do apartamento durante dois meses por ano, a combinar
entre as partes, e nos restantes dez teriam que ceder os
apartamentos à Turistrela, para serem alugados, de
forma a recuperar o investimento feito. Embora a habitação
fosse propriedade dos interessados na troca. Uma hipótese
que os proprietários na altura disseram que não
iam sequer ter em consideração.
Esta proposta surgiu depois de duas outras terem sido equacionadas:
a reconversão ou a demolição, que implicaria
transferir para outra zona a construção ou
o pagamento de indemnizações. "Esta terceira
hipótese é uma saída que valoriza o
património das pessoas, porque lhes garante que ele
será cuidado", dizia o presidente da Câmara
da Covilhã na altura. Os proprietários entendem
que não faz sentido irem para a Serra "para
um terceiro andar", sem poderem ter lá as suas
coisas. E acrescentam que ao fim de 25 anos, quando lhes
fossem entregues, seria quando já fossem necessárias
obras de manutenção.
Proposta de viabilidade "caso a caso"
Para já, os responsáveis da PenhasSol esperam
que as entidades competentes reconsiderem a sua sugestão
e entendem que o ideal seria que fossem avaliadas as condições
de cada uma das construções em zinco e, "caso
a caso, fosse feita uma proposta de viabilidade". Os
proprietários dizem-se confiantes no acordo de uma
solução "porque o presidente da Câmara
nos fez acreditar e porque acreditamos nos compromissos
assumidos pelo senhor Carlos Pinto", frisam.
O autarca sempre salientou a sua vontade em que qualquer
decisão fosse "de comum acordo". Questionado
na última sexta-feira, 16, sobre a proposta apresentada
pela PenhasSol, Carlos Pinto disse não ter conhecimento
de nada e acrescentou que "não há novidades
nenhumas sobre isso". |
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