E depois da internet?
Dominique
Wolton
“Na realidade, estamos fascinados
pela dimensão técnica, pois aí os progressos
são consideráveis, embora se olharmos para o
passado compreendamos que, durante séculos, as reais
mudanças no plano da comunicação foram
mais de ordem cultural e social do que de ordem tecnológica”.
Por Catarina Rodrigues
“A tese
deste livro afirma que é urgente afrouxar o espartilho
da técnica sobre a comunicação, pois
o que esta tem de mais importante é de uma outra ordem,
da ordem do cultural e do social. O fundamental é a
maneira como os homens comunicam entre si e a forma como a
sociedade organiza as relações colectivas”.
As palavras são de Dominique Wollton que questiona
nesta obra se a “revolução” causada
pela Internet será de facto tão importante como
a que foi causada pela rádio, nos anos 20, ou pela
televisão, nos anos 60. O autor chama a atenção
para a necessidade de separar o progresso técnico,
bem visível com o aparecimento das novas tecnologias,
da comunicação humana onde deve ser salientada
a compreensão entre os indivíduos. Wolton transmite
uma visão algo crítica em relação
à Internet dizendo que será necessário
regulamentar os novos meios e estabelecer os limites da liberdade
de forma a evitar confusões. O autor acredita que os
meios de comunicação generalistas, veja-se o
caso da televisão por exemplo, e as novas tecnologias
são complementares do ponto de vista da teoria da comunicação,
pois remetem, para um mesmo modelo, o da sociedade individualista
de massa.
Este livro de Wolton fala assim, não só da Internet,
mas de meios que lhe antecederam, como é o caso da
televisão e questiona também vários aspectos
relacionados com a denominada “caixa que mudou o mundo”.
Os trunfos das tecnologias da comunicação, o
conteúdo da web, o acesso à informação
e a questão dos novos meios permitirem ou não
uma maior democracia são alguns dos temas abordados.
Quando a maioria das pessoas fala sobre as vantagens dos novos
meios e da sociedade composta por auto-estradas da informação,
Wolton chama a atenção para o facto de nem tudo
ser positivo e não acredita que a comunicação
à distância possa alguma vez substituir a comunicação
humana directa desconfiando sempre do “estar em rede”
e da dependência cada vez maior do homem em relação
às novas tecnologias, como é o caso do telemóvel.
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