Por Eduardo Alves



O valor das propinas aumentou, este ano, em cem euros, ficando agora nos 800

PUm cordão humano com pouco mais de dez pessoas marcou a forma de protesto dos estudantes ubianos face ao aumento das propinas. Contra o “desinvestimento na formação académica do País”, os responsáveis pela Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), mostraram assim o seu descontentamento. A forma de protesto, de contornos “pacíficos”, ficou marcada pela fraca adesão de estudantes. Nuno Costa, presidente da AAUBI, afirmava, momentos antes de entrar para a reunião de Senado onde seria decidido o valor das propinas, que “este é um período relativamente calmo, com a maior parte dos estudantes fora da Covilhã”.
Esta acção ficou, de certa forma, sem efeito, passando ao lado dos elementos com assento no Senado. Da ordem de trabalhos, o ponto que mais atenção suscitou foi a questão das propinas. O valor desta taxa, decidido através de voto, contou com uma primeira proposta de 880 euros. Manuel Santos Silva, reitor da UBI explicou que este seria o montante que resulta da divisão, por cada aluno da UBI, das verbas disponibilizadas pelo Ministério do Ensino Superior. Esta primeira proposta, seria a do valor máximo da taxa. Após discussão do montante, foi decidido reduzir este para os 800 euros, com a proposta a ser aceite por 24 votos favoráveis e 15 contra. Santos Silva adianta que “não é com prazer que se aumentam as propinas”, mas face aos sucessivos cortes orçamentais, a UBI “não encontra outra saída”, acrescenta o mesmo. Este aumento de cem euros, no entender do reitor, “é o mínimo para manter o equilíbrio financeiro da instituição”. O responsável máximo pela UBI lembra ainda que esta Universidade “foi a que mais cresceu no ano transacto, 4,4 por cento, em número de alunos”, em contrapartida, “foi também a que viu o seu orçamento cortado em 2,01 por cento”, remata. Este “aumento necessário” decidido em Senado, vai afectar, sobretudo, “os alunos que não são bolseiros”. Para o reitor da UBI, “é bom lembrar que 37 por cento dos alunos têm bolsa”, a qual vai acabar por sobrepor as propinas. A instituição apresenta-se como “uma das que mais apoio social presta aos seus alunos”, o que no entender dos responsáveis é um sinal positivo. Contudo, Santos Silva mostra-se crente, em relação ao “aumento de ajudas aos estudantes”, bem como, ao surgimento de “receitas próprias para financiamento da Universidade” através de parcerias com o exterior”.



Governo é o responsável

O período de férias fez com que poucos estivessem presentes na iniciativa da AAUBI

UNuno Costa, presidente da AAUBI atribui o aumento das propinas aos responsáveis pelo Governo. Para o dirigente estudantil, este agravamento nas taxas a pagar pelos estudantes resulta da “má política educativa que tem vindo a ser feita” pela actual maioria. Uma opinião partilhada, em certa medida pelo reitor da UBI. Santos Silva explica que “o Governo abdicou da responsabilidade de decisão sobre as propinas”. Este responsável acrescenta, no entanto, que “a lei está assim e ninguém se pode sobrepor a ela”.
Por seu turno, Nuno Costa refere que “estão a ser preparadas formas de luta no sentido de contrariar esta situação”. O começo do próximo ano lectivo vai ser marcado por acções de informação aos novos e actuais alunos. Uma forma de “consciencializar todos os envolvidos”, sublinha Nuno Costa.
Este aumento das propinas “tem de ser seguido por medidas de apoio”, avança o dirigente. Na opinião de Costa, frequentar o Ensino Superior está a tornar-se “cada vez mais difícil e a pesar demasiado no orçamento familiar”. Daí que o Governo tem de “apostar mais no apoio social aos estudantes universitários”. A um aumento das propinas “deve também corresponder um acréscimo nas bolsas e em todo o tipo de ajudas aos alunos”.
Com a entrada em cena da nova equipa governamental, o presidente da AAUBI mantém a esperança que “seja revista a política social do Estado”. As propinas têm sido agravadas “a nível nacional”, o que leva os estudantes a manifestarem-se já nos próximos meses de Outubro e Novembro. Para o começo do ano lectivo estão agendados vários encontros entre associações, onde se espera decidir as formas de protesto “à actual política educativa”, explica Nuno Costa.




Propinas mais altas "significam melhor qualidade de Ensino", lembra Nuno Costa



Observatório da Qualidade

Na mesma reunião de Senado que decidiu o valor das propinas, saiu também esclarecida uma proposta da AAUBI. Perante o aumento da taxa a ser paga pelos estudantes, a AAUBI avançou com a proposta da criação de um Observatório da Qualidade. Um organismo que tinha como objectivo “analisar o aumento na qualidade do ensino ministrado na UBI”, explica o presidente da associação académica.
Contudo, a existência de uma comissão que está a estudar a implementação das regras definidas pelo Processo de Bolonha e também dos diferentes critérios de avaliação da UBI, levou a que “o dito observatório ficasse englobado neste órgão”, explica Costa.
Docentes, alunos e funcionários integram agora este organismo que analisa os questionários de avaliação, as instalações, qualidade do corpo docente e outros parâmetros que estão relacionados com as licenciaturas ministradas na Universidade da Beira Interior.