PUm cordão humano
com pouco mais de dez pessoas marcou a forma de protesto
dos estudantes ubianos face ao aumento das propinas. Contra
o “desinvestimento na formação académica
do País”, os responsáveis pela Associação
Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI),
mostraram assim o seu descontentamento. A forma de protesto,
de contornos “pacíficos”, ficou marcada
pela fraca adesão de estudantes. Nuno Costa, presidente
da AAUBI, afirmava, momentos antes de entrar para a reunião
de Senado onde seria decidido o valor das propinas, que
“este é um período relativamente calmo,
com a maior parte dos estudantes fora da Covilhã”.
Esta acção ficou, de certa forma, sem efeito,
passando ao lado dos elementos com assento no Senado.
Da ordem de trabalhos, o ponto que mais atenção
suscitou foi a questão das propinas. O valor desta
taxa, decidido através de voto, contou com uma
primeira proposta de 880 euros. Manuel Santos Silva, reitor
da UBI explicou que este seria o montante que resulta
da divisão, por cada aluno da UBI, das verbas disponibilizadas
pelo Ministério do Ensino Superior. Esta primeira
proposta, seria a do valor máximo da taxa. Após
discussão do montante, foi decidido reduzir este
para os 800 euros, com a proposta a ser aceite por 24
votos favoráveis e 15 contra. Santos Silva adianta
que “não é com prazer que se aumentam
as propinas”, mas face aos sucessivos cortes orçamentais,
a UBI “não encontra outra saída”,
acrescenta o mesmo. Este aumento de cem euros, no entender
do reitor, “é o mínimo para manter
o equilíbrio financeiro da instituição”.
O responsável máximo pela UBI lembra ainda
que esta Universidade “foi a que mais cresceu no
ano transacto, 4,4 por cento, em número de alunos”,
em contrapartida, “foi também a que viu o
seu orçamento cortado em 2,01 por cento”,
remata. Este “aumento necessário” decidido
em Senado, vai afectar, sobretudo, “os alunos que
não são bolseiros”. Para o reitor
da UBI, “é bom lembrar que 37 por cento dos
alunos têm bolsa”, a qual vai acabar por sobrepor
as propinas. A instituição apresenta-se
como “uma das que mais apoio social presta aos seus
alunos”, o que no entender dos responsáveis
é um sinal positivo. Contudo, Santos Silva mostra-se
crente, em relação ao “aumento de
ajudas aos estudantes”, bem como, ao surgimento
de “receitas próprias para financiamento
da Universidade” através de parcerias com
o exterior”.
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O período de férias fez com que poucos
estivessem presentes na iniciativa da AAUBI
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UNuno Costa, presidente da AAUBI atribui o aumento das
propinas aos responsáveis pelo Governo. Para o
dirigente estudantil, este agravamento nas taxas a pagar
pelos estudantes resulta da “má política
educativa que tem vindo a ser feita” pela actual
maioria. Uma opinião partilhada, em certa medida
pelo reitor da UBI. Santos Silva explica que “o
Governo abdicou da responsabilidade de decisão
sobre as propinas”. Este responsável acrescenta,
no entanto, que “a lei está assim e ninguém
se pode sobrepor a ela”.
Por seu turno, Nuno Costa refere que “estão
a ser preparadas formas de luta no sentido de contrariar
esta situação”. O começo do
próximo ano lectivo vai ser marcado por acções
de informação aos novos e actuais alunos.
Uma forma de “consciencializar todos os envolvidos”,
sublinha Nuno Costa.
Este aumento das propinas “tem de ser seguido por
medidas de apoio”, avança o dirigente. Na
opinião de Costa, frequentar o Ensino Superior
está a tornar-se “cada vez mais difícil
e a pesar demasiado no orçamento familiar”.
Daí que o Governo tem de “apostar mais no
apoio social aos estudantes universitários”.
A um aumento das propinas “deve também corresponder
um acréscimo nas bolsas e em todo o tipo de ajudas
aos alunos”.
Com a entrada em cena da nova equipa governamental, o
presidente da AAUBI mantém a esperança que
“seja revista a política social do Estado”.
As propinas têm sido agravadas “a nível
nacional”, o que leva os estudantes a manifestarem-se
já nos próximos meses de Outubro e Novembro.
Para o começo do ano lectivo estão agendados
vários encontros entre associações,
onde se espera decidir as formas de protesto “à
actual política educativa”, explica Nuno
Costa.
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