António Fidalgo
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Do Governo
e do estilo
Vai haver novo Governo. Apesar da continuidade
de políticas, exigida pelo Presidente da República
e reafirmada pelo primeiro-ministro indigitado Pedro Santana
Lopes, vamos ter mudança de caras, mudança
de estilo e uma situação económica
mais desafogada. Ou seja, a percepção que
o país irá ter do Governo será certamente
a de um Governo muito diferente do dirigido por Durão
Barroso e marcado pela dureza da ministra das Finanças,
Manuela Ferreira Leite. Pode-se dizer que o programa é
o mesmo, que as políticas não mudam, mas
na governação, como aliás no resto
da vida, interessa tanto ou mais
o estilo que o conteúdo.
Até agora não se tem
falado no ensino. O que foi a paixão declarada
do primeiro governo de António Guterres passou
a plano secundário. A actual coligação
nunca colocou os assuntos da ciência e do ensino
no topo da agenda, desde logo porque os seus ministros
para o sector não tinham a imagem pública
de um Marçal Grilo ou de um Mariano Gago. No entanto,
também neste sector da governação
importa o estilo como o conteúdo. O atraso continuado
de Portugal no tocante à formação
escolar dos seus cidadãos é chocante relativamente
aos outros países da União Europeia. Precisamos
de muitos mais alunos a terminarem o ensino secundário,
precisamos de aumentar a população universitária.
Como foi indicado por sondagens,
Portugal tem um problema grave na atitude relativamente
à educação. A importância que
a população em geral atribui à educação,
afirmando metade que está satisfeita com o que
sabe e que não quer aprender mais, é muito
baixa e é o estigma de subdesenvolvimento cultural
e científico secular. Substantivamente muito se
tem alterado em Portugal, gastando-se no ensino uma das
fatias maiores do PIB a nível mundial. Mas aqui
importa sobretudo uma mudança de atitude, nomeadamente
inculcar na população portuguesa em geral
o sentimento da necessidade imperiosa e da mais valia
extraordinária que constitui a educação.
As políticas precisam de rostos. Ou seja, e para
finalizar, também na educação o estilo
pode não ser tudo, mas é certamente fundamental.
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