A pele da cultura
Derrick de
Kerckove
"O
grande problema da realidade é ser demasiada e estar
sempre a mudar, sempre a modificar-se quando a tentamos agarrar".
Por Catarina Rodrigues
Desconcertante talvez seja uma boa palavra
para caracterizar “A pele da Cultura”. O livro
da autoria de Derrick de Kerckhove explica como os media electrónicos
são extensões, não só do sistema
nervoso e do corpo, mas também da psicologia humana.
Depois de ter trabalhado, nos anos 70, como assistente e co-autor
de Marshall McLuhan, Kerckhove apresenta-se agora como o mais
criativo dos seus seguidores. O autor aprofunda algumas das
principais teorias defendidas pelo “mestre”, mas
também apresenta novas ideias caracterizadas sobretudo
pela originalidade. Em determinados casos destaca-se mesmo
a sua capacidade de reinventar a herança deixada por
McLuhan.
A análise que este autor faz da televisão é
interessante por considerar que “a caixa que mudou o
mundo” é uma projecção do inconsciente
emocional e por ser um meio capaz de analisar e até
de controlar o corpo social, estando no entanto, também
sujeito às várias mudanças que ocorrem
na sociedade.
Kerckhove não é, como McLuhan, um entusiasta
da globalização, e faz neste livro a análise
dos efeitos que esta poderá ter nas estruturas sociais.
“Eu sou a Terra a olhar para si mesma”, diz Derrick
de Kerckhove, para quem, nós somos nada mais nada menos
que “A pele da cultura” pois ele acredita que
os meios de comunicação são extensões
do homem, tal como havia dito McLuhan, mas lembra também
que o homem faz parte da máquina social.
Esta obra aborda várias questões relacionadas
com as ciências da comunicação e com as
novas tecnologias tendo em conta a contextualização
dos media, destacando a internet e a sua ascensão.
Instantaneidade, velocidade e aldeia global, são alguns
conceitos presentes que importa reter. Uma abordagem tão
original quanto interessante que vale a pena conhecer e sobre
ela reflectir.
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