Por Eduardo Alves



Um dos estudos mais aguardados sobre o Ensino Superior foi discutido na Covilhã

O estado actual do Ensino Superior, no que respeita à diminuição de alunos e aumento de vagas, foi o mote para a última reunião do Senado e do Conselho Científico da UBI. Veiga Simão, ex-ministro da Educação e da Indústria e membro destes dois órgãos trouxe à UBI as suas principais ideias sobre o estado do Superior em Portugal.
Numa atitude de recolher opiniões e propostas, o autor do livro “Ensino Superior: Uma visão para a próxima década” adianta que o objectivo deste estudo será o de “criar uma nova estratégia para a relação entre as diferentes instituições”. Embora seja de opinião que o Ensino Superior está a viver “numa floresta de leis contraditórias”, e que nem sempre a convivência e a parceria entre as unidades de investigação “tem sido a mais salutar”, Veiga Simão espera encontrar soluções para o problema. A discussão e análise entre os diversos membros do Senado e do Conselho Científico, “vai servir para enriquecer este trabalho”, vaticina o professor.
Será já no próximo mês de Setembro que Veiga Simão espera ter publicado este estudo. A obra debruça-se essencialmente sobre a “rede de universidades que existe no nosso País”. Rede essa que pode ser vista como um mapa, no qual estão presentes os estabelecimentos que leccionam cursos superiores.
No caso português, os últimos anos têm vindo a apontar para um crescendo de escolas e diminuição de alunos. Outro dos pontos que pode estar na origem de um funcionamento menos correcto do Ensino Superior “é o facto de não existir uma política de aproveitamento de saberes”. Veiga Simão refere-se à “forma anárquica como são criadas instituições, sem que se tenha em conta uma verdadeira fundamentação para o surgimento das mesmas”.

Diversificação e diferenciação curricular

Com a aproximação do Tratado de Bolonha, a optimização da rede de Ensino Superior “tem de ser uma realidade”. Daí que Veiga Simão esteja confiante no futuro. A implementação de novos e mais fortes contactos entre os diferentes estabelecimentos de ensino “tem de ser tornar uma realidade”. Contudo, esta ligação “em rede” das universidades tem de levar em conta a diversificação e diferenciação curricular. Os vários saberes, muitos deles instituídos em áreas de conhecimento específicas, “têm de ser partilhados”, sublinha.
Outro dos pontos que foram abordados pelos presentes e também discutido por Veiga Simão, prende-se com a criação de Universidades em quase todas as capitais de distrito. O caso de Viseu, mais recente, foi também abordado nesta reunião de trabalho. Para o autor de “Modernização do Ensino Superior, da ruptura à excelência”, a política de abertura destas unidades “não pode ser determinada pelo instantâneo do momento, tem de ser feito todo um levantamento de factores que apontem o desempenho, a qualidade das unidades e do corpo científico, bem como a comparação com estabelecimentos que possam já existir». Veiga Simão alerta também para o facto de se estar a passar para a sociedade civil o conceito de que o ensino politécnico tem menos valor que o universitário. Esta questão, “com contornos políticos”, tem gerado alguns dissabores no mapa universitário português.






Sistema educativo português em base de dados



Por fim, o ex-ministro da Educação voltou a alertar para a falta de uma base de dados sobre ensino superior que funcione a nível nacional. A começar pelas Universidades, onde o número de docentes doutorados, mestres, licenciados devia estar disponível, bem como a sua distribuição por departamentos ou unidades. Esta base, “que não teria pretensões valorativas”, isto é, “não poderia ser vista como uma qualificação da melhor ou da pior”, serviria para analisar, estudar e antecipar os passos dados pelo Ensino, no nosso País.
Veiga Simão espera que as conclusões do seu estudo sejam levadas em conta pelos políticos. A criação de tal mapa, dessa rede, “não seria possível”, acrescenta, sem a participação de reitores, docentes e alunos.