O estado actual do
Ensino Superior, no que respeita à diminuição
de alunos e aumento de vagas, foi o mote para a última
reunião do Senado e do Conselho Científico
da UBI. Veiga Simão, ex-ministro da Educação
e da Indústria e membro destes dois órgãos
trouxe à UBI as suas principais ideias sobre o
estado do Superior em Portugal.
Numa atitude de recolher opiniões e propostas,
o autor do livro “Ensino Superior: Uma visão
para a próxima década” adianta que
o objectivo deste estudo será o de “criar
uma nova estratégia para a relação
entre as diferentes instituições”.
Embora seja de opinião que o Ensino Superior está
a viver “numa floresta de leis contraditórias”,
e que nem sempre a convivência e a parceria entre
as unidades de investigação “tem sido
a mais salutar”, Veiga Simão espera encontrar
soluções para o problema. A discussão
e análise entre os diversos membros do Senado e
do Conselho Científico, “vai servir para
enriquecer este trabalho”, vaticina o professor.
Será já no próximo mês de Setembro
que Veiga Simão espera ter publicado este estudo.
A obra debruça-se essencialmente sobre a “rede
de universidades que existe no nosso País”.
Rede essa que pode ser vista como um mapa, no qual estão
presentes os estabelecimentos que leccionam cursos superiores.
No caso português, os últimos anos têm
vindo a apontar para um crescendo de escolas e diminuição
de alunos. Outro dos pontos que pode estar na origem de
um funcionamento menos correcto do Ensino Superior “é
o facto de não existir uma política de aproveitamento
de saberes”. Veiga Simão refere-se à
“forma anárquica como são criadas
instituições, sem que se tenha em conta
uma verdadeira fundamentação para o surgimento
das mesmas”.
Diversificação
e diferenciação curricular
Com a aproximação do Tratado de Bolonha,
a optimização da rede de Ensino Superior
“tem de ser uma realidade”. Daí que
Veiga Simão esteja confiante no futuro. A implementação
de novos e mais fortes contactos entre os diferentes estabelecimentos
de ensino “tem de ser tornar uma realidade”.
Contudo, esta ligação “em rede”
das universidades tem de levar em conta a diversificação
e diferenciação curricular. Os vários
saberes, muitos deles instituídos em áreas
de conhecimento específicas, “têm de
ser partilhados”, sublinha.
Outro dos pontos que foram abordados pelos presentes e
também discutido por Veiga Simão, prende-se
com a criação de Universidades em quase
todas as capitais de distrito. O caso de Viseu, mais recente,
foi também abordado nesta reunião de trabalho.
Para o autor de “Modernização do Ensino
Superior, da ruptura à excelência”,
a política de abertura destas unidades “não
pode ser determinada pelo instantâneo do momento,
tem de ser feito todo um levantamento de factores que
apontem o desempenho, a qualidade das unidades e do corpo
científico, bem como a comparação
com estabelecimentos que possam já existir».
Veiga Simão alerta também para o facto de
se estar a passar para a sociedade civil o conceito de
que o ensino politécnico tem menos valor que o
universitário. Esta questão, “com
contornos políticos”, tem gerado alguns dissabores
no mapa universitário português.
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