João Canavilhas
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Inventem-se
candidatos
A semana passada ficámos a saber
que há 32 novas escolas e140 novos cursos a aguardar
aprovação no Ministério da Ciência
e do Ensino Superior. Soube-se ainda que algumas dessas
escolas terão já recebido luz verde da ministra,
sendo que pelo menos três delas, duas públicas
e uma privada, serão instaladas na nossa região.
Ora, se bem me lembro, ainda recentemente o Ministério
da Educação revelou que no próximo
ano vão ser encerradas 803 escolas do Ensino Básico
por falta de alunos, o que vem recordar aos mais distraídos
o forte decréscimo populacional. Além disso,
nos últimos três anos o número de
vagas disponíveis no Ensino Superior público
foi sempre superior ao número de candidatos, com
muitas licenciaturas a ficarem às moscas. E, já
agora, diga-se que a partir do ano lectivo 2005/06 apenas
poderão ingressar no Ensino Superior os alunos
que obtenham mais de 9,5 valores em cada uma das provas
de acesso, o que reduzirá significativamente o
número de estudantes que reúnem condições
de candidatura. Junte-se a tudo isto o facto de muitas
das actuais universidades não conseguirem contratar
novos professores ou efectuar as necessárias obras
de manutenção nas suas instalações,
e ficamos com a exacta noção do ridículo
que é falar-se na abertura de novas escolas de
Ensino Superior quando nem sequer há dinheiro para
manter em funcionamento as que já existem.
Aparentemente, o Ministério da Ciência e
do Ensino Superior não percebe que hoje satisfaz
um autarca, dando-lhe uma universidade, mas amanhã
terá de suportar os custos de uma escola sem alunos.
Que hoje aprova uma licenciatura em Enfermagem Veterinária,
como aconteceu recentemente, mas no futuro vai ter de
inventar carreiras para integrar estes licenciados no
mercado. Que hoje aprova mais um curso de Turismo no Ensino
Superior, mas deixa os hoteleiros sem os profissionais
realmente necessários, nomeadamente empregados
de mesa e cozinheiros
E se é verdade que cada dificuldade cria uma oportunidade,
não devemos esquecer que as oportunidades de uns
podem representar as dificuldades de outros. Neste caso,
os outros são as actuais instituições
de Ensino Superior deste país que lutam todos os
dias para manter as suas estruturas em funcionamento.
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