Luís Carrilho Gonçalves,
vice- reitor da UBI, está completamente em desacordo
com o resultado do estudo “Índice de Sucesso
Escolar no Ensino Superior Público: Diplomados em
2002/2003”. O trabalho, elaborado pelo Observatório
da Ciência e do Ensino Superior (OCES) e tornado público
no final do Maio, aponta a UBI como a universidade pública
portuguesa com a mais alta taxa de insucesso escolar.
O estudo diz que 54,7 por cento dos alunos que ingressam
na instituição covilhanense não terminam
os seus cursos no número de anos definido para as
suas licenciaturas.
No entender do vice-reitor, a designação não
é a mais correcta, “pois o que se calculou
não foi uma taxa, mas sim um índice de sucesso
e insucesso escolar”, esclarecendo que “não
pode ser considerado um estudo, porque o OCES foi simplesmente
aos arquivos do Ministério da Ciência e Ensino
Superior e fez um cálculo, relacionando apenas o
número de alunos que concluíram a licenciatura
e os que entraram 4 ou 5 anos antes”, consoante o
curso. Luís Carrilho Gonçalves considera que
deveriam ter existido mais critérios, já que
os utilizados pelos OCES “não tiveram em conta
os abandonos dos alunos de primeiro ano escolar, que não
aparecem a sequer uma prova de avaliação,
e que se situa entre os 15 e os 30 por cento do total de
matriculados todos os anos” na UBI; e o número
de transferências internas e externas de cursos.
Um outro erro que, na óptica do vice-reitor, se pode
apontar ao estudo é “o facto de ter juntado
cursos com mais de 20 anos, como Gestão, e cursos
que tiveram licenciados pela primeira vez apenas o ano passado,
como Engenharia Mecânica ou Informática (Ensino)”,
acrescentando que o OCES deveria escolher cursos com o mínimo
de 10 anos de existência “para poder ser utilizado
o critério da estabilidade que está mencionado
naquele trabalho”. É que o estudo do OCES dá
aos cursos recentes da UBI referidos por Carrilho Gonçalves
umas preocupantes taxas de insucesso de 97 e 80 por cento.
No entanto, o vice-reitor clarifica que “na UBI, só
se fazem avaliações de cursos 2 anos após
a saída do primeiro licenciado”, classificando
os altos valores de “irreais e imaturos”.
UBI fez as suas contas
Como sugestão enviada ao OCES, a UBI decidiu calcular
a sua própria taxa de insucesso escolar, acrescentando
um novo parâmetro, abandonos relativos aos inscritos
pela primeira vez no primeiro ano. “Recalculámos
os novos rácios de sucesso e de insucesso [ver
tabela em pdf] e obtivemos valores bastantes diferentes
dos veiculados pelos OCES”, reiterou Carrilho Gonçalves.
As conclusões alcançados diferem em mais
de 14 por cento, tendo a UBI apontado 40,2 por cento como
o índice de insucesso escolar da instituição,
em contraposição aos 54,7 por cento do OCES.
Em resposta às afirmações dos responsáveis
da Universidade do Minho, a melhor classificada segundo
o estudo do OCES, e que na última edição
do Expresso justificavam o bom resultado obtido devido
às suas novas metodologias e à formação
pedagógica dos seus docentes, Carrilho Gonçalves
conta que a UBI também está a apostar nesses
aspectos, “especialmente com a aplicação
da Declaração de Bolonha”.
No entanto, o vice-reitor não isenta responsabilidades
da instituição de ensino no que concerne
ao insucesso escolar. “Um dos problemas é
que os professores não têm capacidade para
fazer com que os alunos de primeiro e segundo ano aprendam”,
admite Carrilho Gonçalves, concluindo que “deveria
haver um maior acompanhamento da aprendizagem sustentada”
dos alunos.
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