Natureza melancólica
Santa Comba
Dão
Por Daniel Sousa e Silva
Santa Comba Dão
surge aos nossos olhos como se fosse uma ilha. Os antigos
vales dos rios Mondego e Dão, outrora estreitos
e sinuosos, deram lugar a grandes depósitos de
águas paradas que dão o toque final de melancolia
aliado ao barulho do rio a chocar de mansinho nas pequenas
pedras de várias cores e feitios que se amontoam
nas margens.
Presume-se que a origem de Santa Comba Dão remonte
ao tempo anterior à Reconquista Cristã,
surgindo como primeiros documentos duas cartas de doação,
datadas, respectivamente, de 974 e 975. A primeira tem
como doador Oveco Garcia e a segunda Nunio Gonçalves,
fazendo ambos uma vasta doação ao Mosteiro
de Lorvão. Em 1102 esta instituição
religiosa outorga uma carta de foro aos moradores de Santa
Comba e Treixedo, procurando atrair moradores, uma vez
que esta zona fora bastante devastada durante a reconquista.
Vivia-se então um clima de instabilidade política
administrativa, facto que deve ter estado na base da transferência
das terras de Santa Comba, do Mosteiro de Lorvão
para o Bispado de Coimbra. Situação que
se manteve pelo menos até 1472, já que é
deste ano um documento onde D. Galvão, Bispo de
Coimbra, se intitula Conde de Santa Comba Dão.
Resultante da reforma Manuelina dos forais, mas não
no sentido de autonomia dos municípios, aos 12
de Setembro de 1514, D. Manuel concede a Santa Comba Dão
a sua carta de foral.
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