A sede encerra o seu funcionamento
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Promessa de
longa data cumprida
Centro de Alcoólicos
Recuperados fecha portas
O presidente do Centro
de Alcoólicos Recuperados da Cova da Beira demitiu-se
e anunciou o encerramento da sede social e do serviço
de voluntariado prestado.
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Por Daniel
Sousa e Silva
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Um atraso de “vários
anos” na resposta da Segurança Social (SS)
ao pedido de atribuição de um subsídio
mensal de 2500 euros ao Centro de Alcoólicos Recuperados
(CAR) da Cova da Beira motivou José Manuel Amarelo,
presidente demissionário da associação,
a abdicar do seu cargo. A suspensão do apoio aos
738 alcoólicos em recuperação e o encerramento
da sede “por inexistência de dinheiro para as
despesas correntes” foram também anunciadas,
na passada quarta feira, 9.
As dívidas ultrapassam os 15 mil euros e “vão-se
acumulando por causa das taxas”, diz José Manuel
Amarelo, acrescentando que ainda tem de ser pago um seguro
de mais de 800 euros pela viatura da associação.
O dinheiro solicitado à SS tem por finalidade pagar
despesas como electricidade, telefone, água e combustível.
José Manuel Amarelo evidencia a disponibilização
de meios próprios por parte da direcção
e todos os alcoólicos recuperados para ajudar o funcionamento
do CAR, “só que chega uma altura em que não
dá mais”.
“Esperamos há 4 anos e se tivéssemos
de pé já teríamos uma dor de pernas
terrível. Nós que nascemos e vimos do nada,
que tiramos as famílias da miséria e levantamo-lhes
o ego, não sabemos o que nos pode acontecer”.
Amarelo lamenta “profundamente que todas as entidades
competentes não tenham ajudado”. “É
pena que as eleições sejam só de 4
em 4 anos”, ironiza.
“Já conseguimos fazer muita coisa, mas há
ainda muito trabalho para fazer”, insiste o presidente
demissionário, dizendo que já foram recuperados
pelo CAR da Cova da Beira 519 alcoólicos, contudo
a associação tem 515 pedidos de auxílio.
“Alguns casos com problemas bastante graves”,
salienta.
Como ponta de honra, o fundador do CAR da Cova da Beira
assegura aos fornecedores em dívida, apesar do encerramento
da associação, que irá assumir todas
as dívidas e “pagar até ao último
cêntimo”.
As pessoas podem continuar a contar com José Manuel
Amarelo, pelo menos a nível individual, sublinha,
“não estive no CAR Cova da Beira para arranjar
nome, mas para arranjar amizades.”
A extinção efectiva do CAR Cova da Beira vai
ter de ser aprovada pela Assembleia Geral da associação.
“Pode haver alguém que possa querer pegar na
casa”, atira José Manuel, reiterando que, para
ele, terminou tudo o que podia fazer. |
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