José Geraldes
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Eleições
europeias e futuro de Portugal
Em Portugal,
em sondagem da Universidade Católica, feita há
pouco tempo, uma maioria nem sequer ainda sabia que as
eleições europeias se realizavam no dia
13 de Junho. Isto é extremamente grave.
A campanha para as eleições do Parlamento
Europeu começou mal. A linguagem utilizada pelos
candidatos e os insultos dirigidos uns aos outros não
é compatível com o cargo a que aspiram.
Compreende-se que haja um certo excesso na condenação
dos programas eleitorais e se dramatizem as questões.
Mas daí a invocar deficiências físicas
para diminuir o adversário e usar outros artifícios
é ir longe demais e desviar as atenções
para os verdadeiros problemas que devem ser debatidos
para esclarecimento dos eleitores.
Também – e passe o pleonasmo, os candidatos
sabem-no mas importa repetir o facto até á
exaustão- estas eleições são
para eleger os deputados ao Parlamento Europeu e não
para a nossa Assembleia da República. Por isso,
as questões da Europa têm que estar no topo
das prioridades da campanha. Insistir somente nos problemas
internos do País acaba por afastar os cidadãos
da Europa. Ora- e urge dizê-lo alto e bom som –
quem vai fazer as leis do Parlamento Europeu são
os deputados que vamos eleger.
Estas leis são depois aplicadas nos países-membros
da União Europeia, agora com 25 estados. E vão
regular o futuro da nossa vida colectiva.
Se os candidatos não organizarem a suas campanhas
no esclarecimento das questões europeias, caem
no erro de enganar os eleitores.
Quando chegar o momento da transposição
das leis para o direito interno e mexerem com as nossa
vidas, então vamos protestar. Mas será tarde,
pois não prestámos a devida atenção
à importância destas eleições.
Não se deve esquecer que há uma tendência,
nestas eleições, para a abstenção.
No caso português, nas últimas eleições,
em 1999, a abstenção foi de 60,07 por cento
e as últimas sondagens apontam para números
superiores. A mesma tendência verifica-se noutros
países. A Comissão Europeia começa
a ficar inquieta com a possível elevada abstenção.
Em Portugal, em sondagem da Universidade Católica,
feita há pouco tempo, uma maioria nem sequer ainda
sabia que as eleições europeias se realizavam
no dia 13 de Junho. Isto é extremamente grave.
Lembremos o começo do Euro 2004 com o futebol a
dominar todas as atenções e uma ponte com
o feriado do 10 de Junho a aliciar uns bons milhares de
portugueses a demandar as praias do Algarve e outros destinos
turísticos mesmo no estrangeiro.
Os augúrios não são os melhores.
Por isso, o artigo do presidente da República,
Jorge Sampaio, no Diário de Notícias, sobre
as eleições europeias vale pela sua oportunidade
e pelo apelo a todas as partes envolvidas para que o acto
eleitoral de 13 de Junho tenha a dignidade que merece.
Escreve o Presidente : “Porque na construção
da Europa estão em jogo interesses vitais portugueses,
é dever cívico de todos votar, para bem
participarmos nas escolhas decisivas que definirão
o seu futuro- o nosso futuro”. E noutra passagem
: “Não nos podemos alhear desta eleições”
“se queremos (...) uma União europeia mais
dinâmica na protecção de uma maior
justiça social ; mais efectiva na defesa de um
ambicioso nível de emprego ; mais atenta ao desenvolvimento
de política de solidadriedade e coesão ;
mais credível na sua acção externa”.
Interessemo-nos, pois, pelas eleições europeias
e votemos no próximo dia 13. Exerçamos dignamente
o nosso dever de cidadania.
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