”A sétima
foi a última conferência dedicada à
arquitectura deste ano lectivo”. O anúncio
foi lançado por José Callado, director da
licenciatura em Arquitectura da UBI, enquanto apresentava
o orador, Rui Barreiros Duarte, convidado para falar sobre
lugar do efémero no contexto da arquitectura.
”O efémero aplicado à arquitectura
trata-se de meditar, preparar e executar algo que apenas
permanece na memória”, lançou José
Callado, dando a palavra a Rui Duarte, que fez a apresentação
de uma série de imagens sobre o tema.
Rui Duarte é da opinião que “o efémero
tem mantido muita actualidade na cena da arquitectura,
uma vez que, podendo-se pegar na estrutura e deixar incólume
o local onde estava, tem a vantagem de ficar nas mente
e não nos locais”, considerando que “existem
outras lógicas na arquitectura para além
da do irreversível”.
Um exemplo próximo dado por Rui Duarte é
a estrutura da Feira do Livro de Lisboa. “É
algo que se monta, desmonta e transporta para onde é
necessário”, descreve.
A infra-estrutura montada para acolher os espectadores
da Regata Tour 2000, junto à Torre de Bélem,
em Lisboa foi também apresentado por Duarte, em
que se “envolve vários intervenientes, pois
algo pode parecer simples, só que abarca muita
gente e o mais importante é saber controlar os
seus timings”.
A Exposição Mundial de Hannover 2000 (Alemanha)
foi também apresentada por Rui Duarte, em especial
o Pavilhão de Portugal, desenhado por Siza Vieira.
“Cobriu-se toda a estrutura com cortiça com
o objectivo de se passar uma mensagem ecológica”,
explicita. De seguida, percorreu-se alguns dos pavilhões
mais emblemáticos da exposição. Irlanda,
Finlândia e Noruega são alguns dos descritos.
”É tempo de mudança”
No entender deste professor da Faculdade de Arquitectura
de Lisboa, a relação entre o homem e a arquitectura
deve sempre envolver três componentes: física,
psicológica. Por isso, diz: “Construía-se
para a eternidade no tempo das pirâmides do Egipto,”
em tom de gracejo. Apontou a Torre Eiffel como exemplo
contraditório de uma construção com
objectivo efémero, mas que se tornou permanente.
“Muitas vezes as criações efémeras
começam por criar repulsa, mas depois tornam-se
símbolos de cidades”, indica.
Uma vertente que, para Rui Duarte, tem de ser melhorada
em Portugal é a arquitectura do espectáculo.
“Tem de haver uma mudança de atitude e não
se ficar pela barraquinha popular”, atira para o
público. O professor é defensor da aplicação
da inovação efémera, “porque
é reutilizável, de boa qualidade e, por
isso, pode tornar competitivo”, lamentando o facto
de ainda não se ter alcançado a cultura
do efémero no País.
|