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A
afirmação da UBI
Não é hoje difícil reconhecer que
os últimos anos trouxeram à UBI uma nova
idade. Para trás ficam os problemas de subsistência,
adiante perfilam-se fundamentalmente problemas em torno
da nossa afirmação enquanto Universidade.
Não porque aqueles cessem – haverá
com certeza instalações a construir, licenciaturas
a propor, nexos com o mercado de trabalho a incentivar.
Simplesmente, porque outros passam para a primeira linha.
Se estamos dispostos a afirmar a nossa maturidade institucional,
então teremos de fazer prova dela na credibilização
face às outras Universidades portuguesas, na capacidade
de mostrar que respondemos tão bem ao problema
da qualidade como ao da quantidade. Numa palavra: no reconhecimento
pelos pares.
Talvez o aparecimento de licenciaturas como as de Medicina,
Arquitectura e Filosofia, autênticos “clássicos”
da cultura universitária, seja o facto que assinala
esta passagem a uma segunda idade na vida da UBI. Mas
na mesma ordem de factos, é inegável que
a mais recente avaliação às nossas
Unidades de I&D não correu bem. Faltou-nos
justamente o reconhecimento da excelência. Sem excepção,
nenhum dos nossos centros de investigação
obteve a classificação máxima por
parte dos avaliadores da FCT. E nisto não podemos
deixar de ver um problema, mesmo o problema crucial que
se nos colocará nos próximos anos.
Há, pois, um problema diagnosticado e há
que reflectir sobre que estratégia deverá
ser adoptada para o enfrentar. Expõem-se, de seguida,
três sugestões que poderiam integrar um eventual,
e desejável, plano estratégico.
Quanto antes, necessário seria reconhecer a importância
do problema para o futuro da Universidade. Quer isto dizer
que, no delineamento de estratégias, não
deveremos permitir a secundarização do objectivo
do prestígio científico dos nossos departamentos
e centros de investigação. Tal não
é a cereja sobre o bolo, não é um
luxo dispensável, mas a prova da nossa maturidade.
Por isso, importará agilizar os processos de constituição
de novas Unidades de I&D, regular, formalizando enfim
um modelo de estatutos, o funcionamento das Unidades de
I&D. Nesse sentido, uma primeira sugestão consistirá
na criação de um pelouro, preferivelmente
a nível da Reitoria, inteiramente dedicado à
coordenação da investigação
científica da UBI.
São hoje bem conhecidas as potencialidades dos
projectos de investigação interdisciplinares
– de outro modo, e pensando na crescente especialização
disciplinar, não seria possível tratar objectos
de investigação complexos. Um exemplo só:
o estudo da cognição, envolvendo investigadores
com formações de raiz muito distintas, desde
informáticos a neurocientistas, desde psicólogos
cognitivistas a filósofos da mente, teóricos
de sistemas, sistemas dinâmicos, etc. Ora, face
a isto, sugere-se aqui a criação de um centro
de investigação exclusivamente aberto a
projectos interdisciplinares propostos por mais de uma
Unidade de I&D. A ideia nem é original. A Universidade
Nova de Lisboa tem já em plena actividade uma Rede
Interdisciplinar de Centros de Investigação,
sediada na sua reitoria. Não será despiciendo
notar, a este propósito, que a actual estrutura
da UBI, organizada em unidades e departamentos, por um
lado, e as condições de proximidade física,
mesmo de partilha de espaços comuns, por outro,
propicia, como raras vezes tem sido possível a
nível nacional, efectivas condições
para a realização de uma investigação
interdisciplinar.
Por fim, como terceira e última sugestão,
talvez fosse preferível apostar em mais centros
com menos linhas de investigação do que
em poucos centros com muitas linhas de investigação
e muitos investigadores. Centros excessivamente populosos
conduzem a processos morosos; demasiadas linhas de investigação
tendem a fazer dispersar. Nem sequer é o caso que
a FCT prefira financiar um centro com, digamos, trinta
doutores a financiar dez centros com, cada um, três
doutores.
Com estas sugestões, apresentadas mais em jeito
de propostas para uma reflexão, ganhar-se-ia em
agilidade, responsabilidade e, possivelmente, em avaliações
mais justas, nem que seja por uma maior proximidade aos
avaliados. Ganhar-se-ia também por se envolver
transversalmente a comunidade de investigadores da UBI,
dando corpo à ideia de uma vivência universitária
plenamente afirmada. E esse é o desafio.
*Docente da UBI
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