Alunos dos departamentos
de Letras e Comunicação e Artes fizeram
a primeira sessão do recém criado Núcleo
de Debates da UBI, no passado dia 27. Pedro Alves orientou
o debate e esclareceu as regras. “Trata-se de um
debate formal, por isso não se trata de defender
as suas opiniões, mas a posição sorteada”,
diz.
Poderiam não ter o dom da oratória do Padre
António Vieira, Sócrates ou Aristóteles,
mas esforçaram-se por justificar as suas posições.
De um lado da mesa, o “governo”, do outro,
a “oposição”. Três oradores
para cada lado, cinco minutos para discursar. No final,
o público decide que teve melhor prestação.
Montadas as “barricadas” começou a
“batalha”. O primeiro tema na mesa de discussões
foi a reimplementação da pena de morte no
código penal português. O primeiro orador
do “governo” lançou a ideia de se tratar
de “uma pena exemplar”, a “oposição”
discordou, lembrando “a questão humana da
pena capital e que existe sempre a possibilidade de reintegração
dos autores na sociedade civil”.
O segundo orador do “governo” apresentou um
novo dado. A pena capital só seria aplicada a criminosos
reincidentes, que já cumpriram penas de prisão,
adiantando ser uma forma de “baixar os actuais custos
económicos das prisões”. A “oposição”,
não satisfeita, recordou a máxima “errar
é humano”, aludindo ao facto de se saber
que “nos países onde a pena de morte é
aplicada, frequentemente se prova que são executados
inocentes, não se devendo, por isso recorrer aos
mesmos crimes que os assassinos”, apresentando como
alternativa a prisão perpétua.
Nas alegações finais, o “governo”
admitiu que “poderão ser criadas algumas
situações de injustiça, mas algo
tem de ser feito para combater o crescimento de criminalidade
em Portugal”. A “oposição”,
por seu lado, deixa na ar a pergunta: “Onde diz
na Declaração dos Direitos do Homem que
os reincidentes não têm o direito à
vida, tal como os que só cometeram o crime apenas
uma vez?” Terminado o debate, o público votou
a favor da “oposição” por larga
maioria.
Turquia entra ou não?
De seguida, entram novos oradores e uma nova temática,
a entrada da Turquia na União Europeia (UE). O
“governo” menciona o problema de envelhecimento
da EU e a necessidade de abertura a novas culturas, afirmando
que “a Turquia preenche muitos dos requisitos necessários
à UE”. Para a “oposição”,
“não há liberdade de expressão
naquele país, onde existem ainda presos políticos
e opressão do povo curdo”. “O desejo
da Turquia de entrada na UE fará com que se adaptem
à cultura europeia”, riposta o “governo”,
colocando um elemento novo no debate, a posição
estratégica turca como elo de ligação
com o Médio Oriente. A “oposição”
é da opinião que “a Turquia não
é uma democracia, indicando o desrespeito pelos
direitos das mulheres e a falta de preparação
da população à adesão.
A fechar o debate, o “governo” disse crer
no aperfeiçoamento da democracia turca, acrescentando
que se “trata de um motor de desenvolvimento indispensável
à EU, inclusive já integrado na NATO”.
Por seu turno, a “oposição”
retorquiu com a expressão “democracia camuflada”,
já que “desde o golpe de Estado de 1980 não
é permitida a pluralidade democrática”.
Contados os votos, a posição “contra”
venceu de novo.
A terminar, Pedro Alves fez alguns reparos a aspectos
formais do debate, tais como a baixa utilização
dos cinco minutos disponíveis e a necessidade de
uma melhor distribuição dos argumentos por
todos os elementos das equipas.
|